A coffee coin, primeira criptomoeda do mundo lastreada em estoques de café, registrou uma valorização de mais de 35% no seu primeiro mês de negociações, um ganho que superou a alta da própria commodity no mercado físico, com impulso das geadas nos preços e da demanda de investidores.
O criptoativo, idealizado pela cooperativa Minasul, é ajustado pela variação do café no mercado físico, e o preço também sofre influência da procura de investidores pela própria coffee coin, no chamado mercado secundário.
“Houve maior demanda, a geada alavancou a coffee coin…”, disse o diretor de Novos Negócios da Minasul, Luis Henrique Albinati, ao ser questionado pela Reuters se o mercado da moeda, registrada desde 2018 pela cooperativa de Minas Gerais, teve impulso do impacto do frio intenso.
A Minasul –única emissora de coffee coins e garantidora dos estoques que lastreiam a moeda– emitiu inicialmente 10 mil desses criptoativos, e mais 50 mil no final de julho.
Como cada coffee coin equivale a um quilo de café verde, a cooperativa já dispõe de mil sacas de 60 kg para garantir o lastro da moeda.
O valor da moeda, que foi negociado acima de 18 reais no final da semana passada, caía para cerca de 16,50 reais nesta segunda-feira, em meio a um recuo nos preços no físico, pressionados pelas cotações na bolsa de Nova York, após as geadas da última sexta-feira se mostrarem menos intensas.
No primeiro mês, o ativo lançado a 13,69 reais acumulou alta de 36,6%, enquanto o mercado físico de café subiu 31,5% no mesmo período.
A movimentação de negócios no primeiro mês somou 1 milhão de reais, segundo a Minasul.
“PONTA DO ICEBERG”
Segundo Albinati, embora o montante movimentado no primeiro mês do ativo seja relativamente pequeno perto do mercado de café, o sistema funcionou e demonstrou que a coffee coin é confiável e tem potencial de crescer “exponencialmente”.
Ele acredita que isso será possível pelo fato de o ativo estar aberto a qualquer investidor, criando até mesmo a figura do “cafeicultor virtual”.
Para cafeicultores reais, a compra da criptomoeda viabiliza, por exemplo, a negociação de insumos agrícolas com vantagens, no caso de o ativo virtual estar com melhor relação de troca do que o café no mercado físico, além de um melhor gerenciamento de estoques.
“O coffee coin, para mim, vai mudar a forma de comercializar café”, opinou o presidente da Minasul, José Marcos Magalhães, ressaltando que o ativo deverá desburocratizar e simplificar as negociações, além de reduzir custos.
Segundo o diretor de Novos Negócios, o coffee coin ainda é oportunidade para o cooperado ter sempre estoque da safra atual, uma vez que o lastro do criptoativo é referente à produção do ano corrente.
“Isso é só a ponta do iceberg, porque ainda não abrimos toda a gama de negócios que isso pode gerar, nem nós sabemos, o céu é o limite”, disse Albinati, acreditando que a criptomoeda poderá ser usada até como meio de pagamentos.
A Minasul, única emissora do ativo, ainda estuda a possibilidade de outros agentes atuarem como lastreadores de coffee coin, se houver necessidade no futuro, uma vez que a criptomoeda de café não usa “mineradores”, como é o caso de outras moedas virtuais.
“Essa é a diferença do coffee coin para o bitcoin, o coffee coin tem lastro físico, mas é a tecnologia é a mesma, o blockchain”, comentou Albinati.
O diretor da Minasul também ressaltou o fato de o preço do café, formador do valor do coffee coin, estar relacionado ao mercado físico, e não a bolsas de futuros.
“É mais realista que a bolsa, ele dá mais segurança a quem investe”, frisou, notando que mercados futuros às vezes têm oscilações que não levam em conta os fundamentos.
Dessa forma, o ativo “combina o melhor de dois mundos”, do “cripto” e o do café, um mercado centenário, permitindo a geração de novos negócios, avaliou o diretor. (Com Reuters)
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