Amanhã (8), o mundo vai tomar conhecimento do nome escolhido pelo comitê de cinco pessoas, determinado pelo Parlamento norueguês, para receber o Prêmio Nobel da Paz, o mais cobiçado entre as seis categorias, incluindo medicina, física, química, literatura e economia.
Aos 84 anos, o engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli é a esperança de que um nome brasileiro entre para o panteão dos escolhidos.
Há cerca de um ano, uma comissão formada por grandes nomes da agropecuária brasileira vem trabalhando para colocar Paolinelli no melhor ângulo de visão da comissão do Nobel, entre eles Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio na Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, uma das personalidades mais conhecidas no exterior. “Alysson Paolinelli é o maior brasileiro vivo”, afirma Rodrigues.
Do exterior também vieram apoios ao nome de Paolinelli, como John Pickett, membro da Royal Society (Reino Unido), da Deutsche Akademie der Naturforscher Leopoldina (Alemanha) e da National Academy of Science (EUA). “A revolução pacífica [de Paolinelli] construiu sustentabilidade muito antes deste tema ser amplamente valorizado como agora. Este engenheiro agrônomo visionário iniciou uma nova página na história da agricultura mundial”, afirmou Pickett. Allan Gray, professor e catedrático em Alimentos e Agronegócio (Land O’Lakes), da Purdue University, disse que “o sr. Paolinelli demonstrou a visão, o ímpeto, a paixão e a liderança de que o mundo precisa para alimentar com sucesso sua crescente população e reduzir os impactos devastadores da fome”. As duas declarações constam do documento elaborado pelo grupo de brasileiros e que foi enviado à academia recomendando o Nobel.
Paolinelli tem inúmeras qualidades que o gabaritam para o Nobel da Paz, sendo a maior delas a estruturação da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), nos anos 1970, levando a instituição ao que ela é hoje: uma das mais conceituadas do mundo, por desenvolver tecnologia para uma agropecuária tropical.
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O nome de Paolinelli foi oficialmente aceito pelo comitê do prêmio no dia 22 de janeiro. Junto com ele estão outras 329 candidaturas (234 pessoas e 95 organizações), mantidas em sigilo máximo até o anúncio oficial. Entre elas estão a ativista sueca Greta Thunberg; a líder da oposição bielorrussa ao governo de Alexander Lukanshenko, a política Svetlana Tikhanovskaya; o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o príncipe herdeiro dos Emirados, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, ambos na luta pela promoção da paz no Oriente Médio, buscando convergências entre Israel e os países árabes.
A disputa não é fácil e o fato de nenhum brasileiro, até hoje, ter sido o escolhido pode colocar dúvidas sobre a real possibilidade de Paolinelli acordar laureado nesta sexta-feira. Mas o fato é que para o agronegócio brasileiro, Paolinelli continuará do mesmo tamanho: gigante. Não por acaso, a aposentadoria nunca fez parte de sua agenda. Em 2012, por exemplo, ele foi uma das vozes mais ativas para que o novo Código Florestal fosse votado, na defesa de posições de que a agropecuária é um sustentáculo para a sustentabilidade ambiental – juntamente com Aldo Rebelo, na época deputado federal pelo PCdoB. Mas ele não parou aí. Nas últimas duas décadas, vale destacar:
- Em 2006, Paolinelli recebeu o World Food Prize (veja quadro adiante).
- Em 2010 foi escolhido presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), em momento preparatório à transformação do Brasil em grande exportador do grão;
- Também passou a presidir o Fórum do Futuro, iniciativa voltada ao debate sobre desenvolvimento sustentável – com foco em ciência, pesquisa, inovação e tecnologia;
- Em 2019 foi nomeado Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA);
- E ainda se tornou titular da Cátedra Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), cadeira voltada a personalidades de notório saber.