A BrasilAgro anunciou ontem (8) a venda da Fazenda Alto Taquari, em Mato Grosso, por R$ 589 milhões, na maior negociação da história da companhia, à medida que os preços de commodities agrícolas, especialmente da soja, impulsionam os negócios imobiliários da empresa.
A propriedade de 3.723 hectares, sendo 2.694 hectares úteis, foi vendida por um preço 65% superior à avaliação da própria empresa, divulgada no último balanço, em agosto, informou a companhia em fato relevante.
VEJA TAMBÉM: Como as fintechs podem imprimir resiliência no agro de mercados emergentes
Mas a dimensão do negócio fica mais clara – assim como o impacto dos preços das commodities agrícolas na valorização das terras – quando se compara o valor que a BrasilAgro pagou, em 2007, pela área da fazenda vendida: apenas cerca de R$ 30 milhões.
Na época da aquisição da propriedade, a BrasilAgro pagou por cada hectare útil da Alto Taquari cerca de 320 sacas de soja, enquanto o negócio fechado agora precificou o hectare da propriedade no município de mesmo nome a 1.100 sacas, notou o CEO da BrasilAgro, André Guillaumon.
“Aproveitamos o bom momento das commodities e realizamos a vendas de ativos. Se não vende, não realiza (o lucro)”, afirmou o executivo.
Ele acrescentou que investimentos feitos nos últimos anos também permitiram uma venda acima do valor de avaliação e com uma Taxa Interna de Retorno de quase 20%.
A título de comparação, a negociação superou o IPO da companhia realizado em 2006, quando a BrasilAgro arrecadou R$ 582 milhões. E mostra a atratividade do modelo de negócio da empresa, que mescla compra e venda de propriedades rurais e a produção de alimentos, fibras e bioenergia, disse o executivo.
Guillaumon considera que os preços das terras continuarão sustentados por cerca de dois anos, com a forte demanda da Ásia deixando firmes as cotações das commodities agrícolas.
VEJA TAMBÉM: Governo afirma que há 19 pedidos para a construção de ferrovias dentro do marco legal
Ele também salientou que os agricultores estão com boa posição financeira, após grandes colheitas a bons preços, o que permite negócios interessantes envolvendo terras. “Hoje o produtor está capitalizado e muito líquido para comprar fazenda“, disse.
A área vendida produz cana-de-açúcar e grãos. Segundo a companhia, a entrega da posse das áreas e, consequentemente, o reconhecimento da receita de venda, será realizada em duas etapas: um total de 2.566 hectares (1.537 ha úteis) em outubro de 2021, no valor de R$ 336 milhões, e 1.157 hectares úteis em setembro de 2024, no valor de aproximadamente R$ 253 milhões.
Os ganhos com a primeira etapa do acordo serão contabilizados no atual ano-safra, disse o executivo, garantindo lucros no segmento imobiliário da empresa.
O comprador da área, cujo nome não foi revelado, já realizou o pagamento da primeira parcela, de R$ 16,5 milhões, e ainda este ano pagará outros R$ 31,4 milhões. O saldo remanescente é indexado em sacas de soja com pagamentos anuais.
Esta é a segunda venda de fazenda anunciada pela BrasilAgro neste trimestre. A companhia comercializou por R$ 130,1 milhões parte da Fazenda Rio do Meio, localizada no município de Correntina, na Bahia. O valor foi equivalente a 250 sacas de soja por hectare útil.
Ao todo, a companhia já obteve com vendas de terras em sua história mais de R$ 1,5 bilhão e possui em seu portfólio cerca de R$ 3,5 bilhões em propriedades, disse o CEO. (Com Reuters)