A moagem de cana do centro-sul do Brasil em 2022/23 foi estimada em 565,3 milhões de toneladas, alta de 6,1% na comparação com o ciclo anterior, afirmou hoje (5) a consultoria StoneX, em sua primeira projeção do novo ciclo, que deverá ter um mix ligeiramente mais alcooleiro diante de preços recordes do etanol.
A principal região produtora de cana do mundo deverá elevar a produção da matéria-prima de açúcar e etanol em meio à expectativa de um quadro climático relativamente favorável, diante da probabilidade de chuvas mais frequentes.
Apesar das adversidades climáticas enfrentadas pelo cinturão canavieiro na safra atual, o rendimento médio dos canaviais em 2022/23 (temporada com início em abril) tende a se elevar –ainda que a concretização dessa perspectiva esteja vinculada à recuperação da umidade entre outubro deste ano e março do ano que vem, segundo relatório assinado pelas analistas Marina Malzoni, Rafaela Souza e Natalia Silva.
Elas afirmaram que os modelos climáticos apontam para precipitações mais próximas da normalidade nos próximos meses, o que tende a corroborar alta de 5% no TCH médio da região, para 72,5 toneladas/hectare no próximo ciclo.
Mesmo assim, é preciso ponderar que a probabilidade de incidência de La Niña pode prejudicar a regularidade do regime de chuvas –colocando-se como ponto de atenção para o potencial produtivo das lavouras.
“Nossa expectativa é de que a produtividade dos canaviais ainda se situe 2,5% abaixo da média das cinco temporadas anteriores”, disseram as analistas em relatório.
Além da expectativa de maior rendimento dos canaviais ante a safra anterior, a área plantada com a cultura também deve observar incremento de 1% em 2022/23, para 7,8 milhões de hectares.
“Embora a concorrência com grãos se mantenha significativa, dado avanço da rentabilidade do cultivo de soja e milho, a conjuntura para o setor sucroenergético se mostra favorável para a ampliação dos investimentos na produção.”
Na nova safra, diante de preços recordes do etanol, deverá haver um maior direcionamento de cana para a destilação, com o mix alcooleiro em 55%, versus 54,5% na temporada anterior.
A StoneX projeta um mix açucareiro de 45%, levando a produção de açúcar para 34,2 milhões de toneladas, alta de 2,1% na comparação com o ciclo anterior.
Já a produção de etanol de cana em 2022/23 foi estimada em 25,8 bilhões de litros, alta de 4,4%.
Incluindo a produção de etanol de milho, o centro-sul produziria 29,7 bilhões de litros do biocombustível em 2022/23, alta de 5,5% ante 2021/22.
2021/22
Na safra atual (2021/22), a StoneX reduziu mais uma vez a produção de açúcar do centro-sul, agora estimada em 33,5 milhões de toneladas, ante 34,6 milhões na projeção anterior.
Isso ocorreu em meio a uma redução na previsão de moagem para 533,1 milhões de toneladas, ante 541 milhões na estimativa prévia.
Já a produção total de etanol (cana e milho) do centro-sul em 2021/22 estimada em 28,2 bilhões de litros, ante 28,4 bilhões na projeção anterior. A estimativa para produção de etanol de cana teve pouca mudança, ficando em 24,7 bilhões de litros.
A StoneX também divulgou suas primeiras estimativas para a safra 2021/22 (setembro-agosto) para o Norte-Nordeste brasileiro.
A moagem de cana foi projetada em 53,6 milhões de toneladas no NNE, crescimento 3%, com melhores condições climáticas.
A produção de açúcar pelas usinas da região deve totalizar 3,1 milhões de toneladas (+1,6%), enquanto a destilação de etanol é projetada em 2,2 bilhões de litros, avanço de 1,9%.
DÉFICIT GLOBAL
A StoneX projeta novo déficit no mercado global de açúcar em 2021/22 (outubro/setembro), de 800 mil toneladas, ante déficit de 2,9 milhões de toneladas, em 20/21.
Será a terceira temporada seguida de déficit global, em meio à quebra de safra no centro-sul do Brasil.
De outro lado, o desenvolvimento dos canaviais foi favorecido por um regime de monções dentro da normalidade no continente asiático.
Além da Índia e Tailândia, a União Europeia e o Reino Unido devem observar avanço na produção de açúcar na temporada corrente, recuperando as perdas observadas em 2020/21 (out-set), segundo a consultoria.
Pelo lado da demanda, sinalizações têm apontado para aumento na procura internacional, principalmente na Ásia.
Além das perspectivas positivas acerca do consumo na Indonésia, a China também deve importar volume significativo em 2021/22, com as estimativas de até 5 milhões de toneladas, afirmou a StoneX. (Com Reuters)
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