Nas tecnologias digitais e nos games, um dos principais conceitos a ganhar os holofotes em 2021 foi o do “metaverso”, terminologia para um universo virtual no qual as pessoas vão interagir entre si por meio de avatares digitais. Embora o termo tenha se popularizado apenas este ano, com a mudança do nome empresarial do Facebook, muitos videogames já utilizam da ideia para criar um universo digital para a interação entre jogadores e com a presença de mecânicas realistas. Um deles, lançado no mês passado, é o Farming Simulator 22, jogo desenvolvido pela empresa suíça Giants Software.
Nos moldes de simuladores como o Microsoft Flight Simulator ou Euro Truck Simulator 2, a nova versão do Farming Simulator se baseia na rotina do agronegócio para oferecer diversão e ensinamentos para os gamers. Os jogadores têm a opção de jogar sozinhos ou de maneira cooperativa com até 16 amigos. A ideia é que os usuários dividam o espaço em mapas localizados na França, no meio-oeste dos EUA ou nos alpes suíços e escolham o negócio mais adequado para a região. Para isso, o agricultor digital deve se atentar aos desafios impostos pelos ciclos sazonais e o clima do universo digital.
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“Com a implementação de ciclos sazonais, os jogadores precisam seguir o calendário de safra. Eles têm que planejar com antecedência, pois todas as safras têm suas épocas de plantio e colheita. O trigo, por exemplo, só pode ser plantado nos meses de setembro e outubro, com a colheita no próximo verão. Se os jogadores não colherem o trigo antes do final de agosto, ele murchará e a safra será destruída”, exemplifica Wolfgang Ebert, gerente de marketing da Giants Software. “O clima desempenha um papel o ano todo, já que eles não podem colher quando está chovendo, afinal as plantações ficam encharcadas. E no inverno, quando neva, os jogadores precisam encontrar outras atividades para gerar renda.”
Além do cultivo de grãos, o Farming Simulator 22 inclui atividades como pecuária, silvicultura e até apicultura. Para ajudar o jogador nessas tarefas e apresentar algumas importantes peças para o funcionamento do agro, o simulador de fazendas oferece cerca de 400 máquinas e outras ferramentas criadas por 100 marcas que existem no mundo real, como Case IH, John Deere, Massey Ferguson, New Holland, Valtra, Fendt Claas e Deutz-Fahr.
“A forma como o licenciamento das marcas funcionava mudou bastante ao longo dos anos. No início, era muito difícil convencer alguns fabricantes agrícolas a se tornarem licenciadores. Frequentemente, eles não faziam ideia sobre videogames e não conheciam o Farming Simulator. Isso mudou. Quando nos aproximamos das marcas, muitos de seus representantes já conheciam o jogo. Hoje, alguns deles até se aproximam de nós. É realmente uma vitória para todas as marcas renomadas, pequenas ou grandes, serem representadas virtualmente dessa forma”, afirma Ebert.
Disponível para as plataformas PC, Mac, Stadia, Playstation e Xbox, apenas na primeira semana o jogo foi comprado por 1,5 milhão de pessoas. No Brasil, um vídeo sobre o simulador no canal de Youtube “Gameplayrj”, com cerca de oito milhões de inscritos, já foi visto por 131 mil pessoas e é considerado pelo youtuber Davy Jones “um grande sucesso”.
Justamente pela boa adesão do público gamer, a Giants Software já planeja lançar, no ano que vem, uma expansão com foco em tecnologias agrícolas sustentáveis. O pacote, chamado de “Agricultura de Precisão”, é desenvolvido em parceria com a empresa de máquinas e implementos agrícolas John Deere e com o EIT Food, organização de inovação na cadeia alimentar financiada pela União Europeia. “A nova versão terá, por exemplo, recursos como sensores ópticos, permitindo uma aplicação reduzida de herbicidas, além de fertilizantes orgânicos e minerais”, adianta Ebert.