A guerra na Ucrânia tem tudo para causar consequências globais, particularmente no setor agrícola. Ela também pode gerar ganhos para investidores.
Além de Rússia e Ucrânia serem grandes exportadores de grãos para o mundo, o conflito entre os dois países pode impactar e intensificar um problema já existente: a escassez de fertilizantes usados em plantações, segundo um relatório recente.
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“Não vemos a situação global de escassez de fertilizantes diminuindo tão cedo”, afirma uma nota da CFRA, firma com sede em Nova York especializada em estudos sobre investimentos.
O relatório cita três motivos principais:
- O gás natural, que é usado na produção de fertilizantes vegetais à base de nitrogênio, é caro. Os preços do gás natural na Europa, que já eram altos em comparação com os dos EUA, dispararam no ano passado, segundo dados do site financeiro Trading Economics.
- Rússia e China impuseram restrições à exportação de fertilizantes. Ambos são, ou foram, grandes exportadores do produto. O declínio nas exportações torna mais difícil obter os nutrientes vitais para as plantações em todo o mundo. A China e a Rússia respondem por 29% das exportações mundiais de fertilizantes nitrogenados. Os dois países também têm participações significativas, embora menores, nos mercados de fosfato e potássio, respectivamente, afirma o relatório.
- As sanções também estão afetando o mercado. “Esperamos que essas restrições restrinjam a disponibilidade global de fertilizantes e aumentem os preços à medida que a demanda cresce em meio à estação de crescimento”, afirma o relatório da CFRA.
A boa notícia de tudo isso é que as empresas que fabricam e vendem fertilizantes podem prosperar. Notavelmente, a CFRA destaca a CF Industries, a The Mosaic Company e a Nutrien Ltd.
“Esperamos que os ganhos de 2022 para essas empresas cresçam além dos lucros recordes de 2021, dada a dinâmica dos mercados de fertilizantes”, afirma o relatório. “Isso também deve abrir as portas para maiores retornos de caixa aos acionistas por meio de dividendos e recompras de ações.”
*Simon Constable é colaborador da Forbes e autor da coluna ‘In Translation’ do The Wall Street Journal. Membro do Instituto Johns Hopkins de Economia Aplicada, Saúde Global e Estudo de Negócios Empresariais. Co-autor do livro premiado “The WSJ Guide to the 50 Economic Indicators that Really Matter” (O Guia do Wall Street Journal para os 50 Indicadores Econômicos que Realmente Importam).