A companhia Boa Safra reportou ontem (29) um salto de 82% no lucro líquido de 2021, para 127,8 milhões de reais, e vê 2022 com otimismo diante da forte demanda por sementes de alta tecnologia, em momento em que os agricultores se planejam para equalizar os elevados custos da próxima temporada.
Em entrevista à Reuters, o CEO da empresa que é líder no setor, Marino Colpo, disse que os produtores têm apostado em sementes de boa qualidade para contribuir com a produtividade das lavouras de 2022/23, já que os preços dos fertilizantes estão mais caros e com oferta limitada devido à guerra entre Rússia e Ucrânia.
“Isso (alta dos fertilizantes) pode ser até favorável para nós, porque como os insumos estão caros o produtor não tem corrido o risco de errar na semente”, afirmou o executivo.
“As sementes mais caras, com mais biotecnologia, são as que estão sendo mais vendidas”, acrescentou.
Ele disse que a semente tem “roubado” participação de outros insumos na lavoura gradativamente. Segundo levantamento divulgado pela Boa Safra, no ano passado a semente representou 17% dos custos de produção, percentual que estava em 9% em 2011.
Neste ano, em que Rússia e Belarus, principais fornecedores de fertilizantes ao Brasil, sofrem sanções ocidentais, o executivo da Boa Safra disse que as negociações de sementes para a próxima safra estão altas e também antecipadas, em relação a ciclos anteriores.
Colpo destacou que, com exceção dos agricultores que tiveram quebras nas regiões atingidas pela seca, a colheita da soja está caminhando bem e as vendas da oleaginosa devem ocorrer a “ótimos preços”, o que ainda garante margens elevadas para 2021/22 e fôlego para investir em 2022/23.
“Já que ele terá uma lavoura cara, ele quer fazer um investimento acima da média.”
Neste sentido, o CEO afirmou que o produto da empresa também possui um potencial de germinação superior ao nível do mercado, o que justifica a ampla demanda.
“Enquanto a média do mercado trabalha com 80% de germinação, a Boa Safra deu média de 94,9%… Nossa semente nasce 10% a mais, isso dá muita diferença na colheita”, explicou.
A empresa que realizou IPO no ano passado e viu uma disparada de 82% no lucro, marcou recorde de 1,044 bilhão em faturamento, alta de 77,6% em relação a 2020.
As vendas somaram 104 mil “big bags” (de aproximadamente mil quilos) de sementes de soja, um aumento de 13% no comparativo com o ano anterior.
“Hoje as sementes que recebem tratamento, representam 20% do volume de nossas vendas.”
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu 144,96 milhões de reais em 2021, alta de 37,94% no ano a ano.
No quarto trimestre do ano passado, porém, o Ebitda recuou 15,16% ante igual período de 2020, para 37,8 milhões de reais.
O lucro líquido do trimestre recuou 20,2% no mesmo comparativo, para 30,8 milhões de reais.
Segundo a companhia, houve uma antecipação no terceiro trimestre de algumas retiradas de produtos para plantio da safra 2021/22, por conta da antecipação das chuvas, impactando o desempenho dos últimos três meses do ano.
EXPANSÃO
A Boa Safra informou nesta terça-feira, em comunicado à parte, que iniciou as obras na cidade de Balsas, no Maranhão, para a construção de um Centro de Distribuição (CD), iniciativa que faz parte do plano de expansão da sementeira anunciado durante o processo de IPO, em abril de 2021.
No local, poderão ser estocadas até 40 mil big bags em posições refrigeradas (cerca de mil kg cada), sendo 20 mil big bags para a primeira fase da obra.
“Com esta iniciativa, chegamos à região agrícola denominada MATOPI (composta por Maranhão, Tocantins e Piauí), que apresenta expectativa de crescimento de área plantada acima da média brasileira”, disse a empresa.
O CD de Balsas soma-se às expansões recentes de Cabeceiras (GO), Buritis (MG), Jaborandi (BA) e Sorriso (MT). O plano da companhia é entrar em operação ainda neste ano.