A exportação de soja do Brasil em 2022 foi estimada hoje (20) em 77,2 milhões de toneladas, redução de 500 mil toneladas na comparação com a previsão de março, afirmou a Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais).
A previsão de exportação foi cortada em meio a uma demanda mais lenta da China, que tem sofrido com margens fracas para a produção de suínos, lockdowns e atrasos portuários em função de medidas para conter a Covid-19, segundo analistas.
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A entidade não comentou os motivos da redução em nota.
De outro lado, a Abiove manteve a projeção de processamento da oleaginosa em um recorde, em meio à firme demanda por farelo nos mercados interno e externo.
Se confirmada a previsão de exportação, os embarques de soja do Brasil, o maior exportador global, cairiam quase 9 milhões de toneladas na comparação com 2021, quando o país exportou um recorde, contando com a maior safra já registrada.
Em 2022, contudo, o país sofreu o efeito de severas perdas pela seca, que deixou a produção de soja estimada em 125,3 milhões de toneladas, número inalterado ante a previsão de março, mas distante das 138,86 milhões de toneladas de 2021.
A Abiove citou um forte processamento de soja no Brasil e manteve a previsão de esmagamento em recorde de 48 milhões de toneladas no ano, ante 47,78 milhões em 2021.
No primeiro bimestre, o processamento foi estimado em 5,6 milhões de toneladas de soja – para uma amostra representativa de cerca de 84% do esmagamento do grão no Brasil -, com incremento superior a 18% no comparativo com o mesmo período de 2021, disse a Abiove.
Segundo publicação da analista da AgRural Daniele Siqueira, se o ritmo de exportação de soja não melhorar na segunda parte de abril, será a primeira vez na história que os embarques no mês vão cair ante março no Brasil, que tem neste período o seu pico de despachos.
“Menor safra em 2021/22, lenta demanda da China e fortes margens de esmagamento domésticas estão entre as causas”, afirmou Daniele.
A Abiove manteve as projeções de exportação de farelo de soja em recorde de 18,3 milhões de toneladas em 2022, enquanto o consumo interno foi estimado em 18,1 milhões de toneladas, também sem alteração ante março.
A estimativa de exportação de óleo de soja do Brasil foi mantida em 1,7 milhão de toneladas, assim como a produção em 9,7 milhões de toneladas e o consumo interno, em 7,9 milhões de toneladas.
A produção crescerá ligeiramente ante 2021, assim como a exportação, enquanto o consumo interno recuará cerca de 100 mil toneladas, com pressão de uma mistura menor de biodiesel.
Com uma menor exportação do grão, a Abiove elevou a previsão de estoques finais de soja do Brasil a 2,43 milhões de toneladas em 2022, ante 1,9 milhão na previsão de março, mas ainda uma queda considerável ante 2021 (5,26 milhões de toneladas).
A entidade também projeta receita recorde com exportação de soja, farelo e óleo do Brasil, a US$ 55,9 bilhões em 2022, ante US$ 51,4 bilhões na projeção de março, com alta nos preços motivando a mudança.
Isso representaria um crescimento ante os US$ 48 bilhões de 2021.