A exportação de óleo de soja do Brasil em 2022 foi estimada em 1,8 milhão de toneladas, 100 mil acima da previsão de abril e no maior nível desde 2008, com uma demanda adicional da Índia associada à guerra na Ucrânia, informou hoje a Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais).
Para elevar a estimativa de exportação, a Abiove reduziu os estoques finais em 100 mil toneladas, para 522 mil toneladas de óleo de soja, uma vez que manteve a estimativa de produção em 9,7 milhões de toneladas e o consumo interno em 7,9 milhões de toneladas.
“O volume é decorrente da maior demanda internacional pelo produto. Sobre este aspecto, as razões são o conflito no Leste Europeu e seus impactos no óleo de girassol, os reflexos das medidas restritivas à exportação de óleo de palma e a maior demanda por óleo vegetal na Índia”, afirmou a associação em nota.
A Ucrânia é grande produtora de óleo de girassol, e a Índia veio buscar mais óleo de soja o Brasil, diante das interrupções de embarques no Leste Europeu.
Segundo a associação que representa indústrias e tradings no país, se a previsão for confirmada, será o maior volume exportado em um ano pelo Brasil desde 2008 (2,3 milhões de toneladas). No ano passado, a exportação de óleo somou 1,65 milhão de toneladas.
O Brasil chegou a exportar um recorde de 2,7 milhões de toneladas em 2005, mas desde então passou a vender menos ao exterior, direcionando maior produção ao biodiesel, cuja mistura no diesel está em patamares menores este ano por uma decisão governamental, visando limitar a alta na commodity também usada para fins alimentícios.
Apesar de manter as previsões de volumes exportados de soja e farelo de soja, a Abiove elevou a previsão de receita com exportações do complexo do Brasil (grão, farelo e óleo), diante de preços mais altos, para novo recorde de 57,95 bilhões de dólares em 2022.
Até o mês passado, a projeção girava em torno de 55,9 bilhões, enquanto no ano passado somou 48 bilhões de dólares.
A Abiove manteve a previsão de processamento de soja do Brasil em recorde de 48 milhões de toneladas em 2022, depois de um ritmo de produção de farelo e óleo no primeiro trimestre acima do reportado no ano anterior.
As projeções de exportação de farelo de soja foram mantidas em recorde de 18,3 milhões de toneladas em 2022, enquanto o consumo interno foi estimado em 18,1 milhões de toneladas, também sem alteração ante abril, mas com uma queda ante 2021 (19,2 milhões de toneladas).
A Abiove também fez um leve ajuste na estimativa de safra de soja do Brasil em 2022, para 125,4 milhões de toneladas, 100 mil a mais que na previsão de abril, mas uma queda expressiva na comparação com o recorde de 2021 (138,86 milhões de toneladas) após a seca no último verão.
A exportação de soja do país, maior produtor e exportador da oleaginosa, também foi mantida em 77,2 milhões de toneladas em 2022, ante recorde de 86,1 milhões em 2021.
Os estoques finais de soja do Brasil foram estimados em 2,58 milhões de toneladas em 2022, ante 2,43 milhões na previsão de abril.