A busca por segurança de dados nas operações das cadeias produtivas do agro tem colocado na mira das empresas o uso do blockchain, tecnologia que já vem sendo aplicada em larga escala em operações financeiras, por exemplo.
A Uisa, biorrefinaria com sua agroindústria instalada no município de Nova Olímpia (MT), acaba de anunciar que vai incorporar a tecnologia blockchain aos seus processos de produção e controle de bioprodutos. Ela é a primeira do setor de bioenergia a utilizar a tecnologia para uma marca de açúcar, no caso o Açúcar Demerara Itamarati.
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Além do alimento, a empresa produz etanol, biometano, energia elétrica, fertilizantes orgânicos e ingredientes para nutrição humana e animal. A matéria-prima sai de cerca de 90.000 hectares de terras destinadas ao cultivo de cana-de-açúcar.
“A postura sustentável é cada vez mais valorizada por todos. Acreditamos que com esse diferencial vamos atrair novos consumidores para o Açúcar Itamarati”, diz José Fernando Mazuca, CEO da Uisa. “O próximo produto em que vamos aplicar a tecnologia será o açúcar refinado. O objetivo é incluir todos os produtos do portfólio, inclusive o etanol. O projeto contempla ainda a venda de commodities, como exportação de açúcar bruto.” Está na mira da companhia, também, os seus processos de certificações ESG, visando a tockenização de ativos, o que ajuda a detectar e prevenir riscos e fraudes, além de gerar transações financeiras de ativos. Os processos de descarbonização devem entrar no pacote.
A tecnologia blockchain tem como função levar transparência, eficiência e segurança à cadeia produtiva. O blockchain permite a automatização do controle de todas as atividades realizadas durante a produção.
No caso específico do Açúcar Demerara Itamarati, o consumidor poderá, por meio de um QRCode nas embalagens, acessar informações sobre o plantio e colheita da cana e demais etapas da produção do açúcar a partir do uso de recursos de geolocalização. Além disso, será possível ter o controle da qualidade dos produtos e verificar todas as certificações utilizadas. “Hoje, toda a cana da usina é certificada no padrao bonsucro e todos os dados da colheita e fazenda estão no blockchain”, afirma Mazuca. “Além disso, a Uisa conta com certificações I-rec, Low Carbon Fuel Std, Renovabio, iso 14.001, iso 9.001 e Kosher.”
O projeto da Uisa foi criado pela IT Lean, consultoria de TI com sede na capital paulista, especializada em projetos de transformação digital. Ela tem como clientes empresas do porte de Carrefour, Volkswagen, Gol Linhas Aéreas, Marfrig, Unimed Fesp, Bauducco, SBT, e Casas Bahia.
“Estamos investindo cada vez mais em novas tecnologias como blockchain”, afirma Bira Padilha, CEO da IT Lean. “Queremos ajudá-los no processo de transformação digital.” A consultoria também trabalha com fábrica de software agile, chatbot, desenvolvimento de aplicativos mobile, sharepoint, analytics e bodyshop.
A Uisa vai no caminho de outras grandes empresas do agro, que vêm utilizando o blockchain em suas operações, entre elas a JBS, por exemplo, que em 2021 criou a Plataforma Pecuária Transparente. O blockchain também faz parte dos trabalhos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que já apresentou estudos de blockchain para rastrear cadeia da cana-de-açúcar em 2020 e em 2021 a cadeia produtiva da carne bovina.
No caso da cana-de-açúcar, na época o estudo foi em parceria com a Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Copl) e a Usina Granelli. O mapeamento da cadeia de cada-de-açúcar via blockchain resultou na criação do Sibraar (Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade), tecnologia de registro e custódia de informações agroindustriais.
Para a proteína animal, o Cicarne (Centro de Inteligência da Carne Bovina) fez um mapeamento das potencialidades da tecnologia. Deu destaque a projetos de frigoríficos, como a JBS e o Frigol, um dos primeiros a usar o blockchain em unidades de abate. Em 2019, o Frigol anunciou que anunciou que começaria a testar o processo em cerca de 3.000 animais por dia usando a tecnologia aliada à IA (Inteligência Artificial) e à IoT (Internet das Coisas (IoT).
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