O impacto dos lockdowns na China para combater a Covid-19, especialmente no mega porto de Xangai, continuará por meses para o setor de transporte marítimo de cargas em contêineres, disse hoje (12) o diretor presidente da MSC no Brasil, Elber Justo.
“A Covid, apesar de acharmos que ficou para trás… continuará impactando nosso negócio nos próximos meses”, afirmou o executivo, durante seminário internacional do café, produto geralmente embarcado para o exterior em contêineres.
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Exportadores, incluindo o setor de café, vêm lidando com o problema durante a pandemia, enfrentando maiores custos e também gargalos para escoar os produtos.
Segundo Lúcio Dias, superintendente comercial da cooperativa Cooxupé, maior exportadora de café do Brasil, “a logística estava muito ruim, deu uma melhorada, mas depois que a China voltou a fazer lockdowns atrapalhou bastante”.
Justo, da MSC, ainda citou os efeitos da guerra no Leste Europeu para as movimentações de contêineres e a alta dos combustíveis gerada pelo conflito.
“As empresas de logística suspenderam rotas na região do Leste Europeu… o fechamento tem impactos no nosso negócio, as cargas que ficaram represadas causaram e ainda causam sobrecarga nos portos”, declarou.
Em Xangai, ele citou que a situação continua a mesma, com 500 navios esperando para atracar, por falta de mão de obra e de berços para atracação.
“Apesar de todos os esforços, a situação continua bastante complicada na questão de disponibilidade de navios”, afirmou ele.
Normalmente, as empresas fazem quatro viagens por ano até a Ásia, mas estão conseguindo fazer uma média de até 2,5 ciclos anuais.
“Tudo isso impactou no custo do frete, o efeito Covid de 2020 e 2021 elevou os custos para níveis que não vemos há muito tempo”, disse o executivo, citando que o custo dos navios triplicou para US$ 150 mil por dia.
A indústria de transporte marítimo tem buscado diminuir os efeitos dos lockdowns com o uso de mais navios velhos, em vez de mandá-los para sucateamento.
“Menos de 1% dos navios estão parados mundo hoje…”, afirmou ele, lembrando que apenas 19 embarcações foram para sucateamento em 2021, versus histórico de cem embarcações por ano.
“Tudo o que tiver boiando e tiver algum tipo de propulsão está sendo usado”, afirmou.
Ele disse ainda que o setor está expandindo a vida útil dos contêineres, fazendo mais reparos, o que eleva custos, e aumentou a contratação da construção de navios.
O setor de transporte no mundo já tem contratada a construção de navios para um aumento equivalente a 20% da capacidade atual.
Com isso, existe a perspectiva de normalização da situação em breve, com a entrada de novos navios em 2023 e 2024.
Justo citou que os números do Brasil mostram que as movimentações de contêineres não diminuíram, mas a capacidade de atendimento foi reduzida em 10%, o que eleva os preços dos fretes.