As fixações de preços do açúcar da safra do ano que vem (2023/24) do Brasil perderam ritmo, diante de incógnitas no mercado, como os movimentos do governo brasileiro para alterar a tributação de combustíveis com o objetivo de reduzir os custos aos consumidores, segundo avaliação da Archer Consulting.
“Está tudo na penumbra, ninguém tem ideia do que está acontecendo”, disse o sócio-diretor da Archer, Arnaldo Luiz Correa, ao comentar a situação do mercado diante das conversas entre o governo e o Parlamento para reduzir o ICMS dos combustíveis e outros produtos considerados essenciais.
“Acho que as usinas vão segurar o máximo possível eventuais fixações para 23/24. Se já há dúvidas para 22/23, em termos de tamanho da safra e custos de produção, você imagina para o ano que vem”, afirmou ele.
Até o final de maio de 2022, o volume de vendas fixadas de usinas do Brasil girava em torno de 4,6 milhões de toneladas de açúcar, ao preço médio de 17,40 centavos de dólar por libra-peso sem prêmio de polarização.
Isso equivale a 19,3% do volume estimado de exportação para a safra 23/24, versus aproximadamente 15% até abril.
A redução no ritmo de fixações foi “bem em linha com a nossa percepção de que, em função de tantas incógnitas que pairam sobre o mercado, ocorreu um natural desestímulo por parte das usinas de avançar no volume”.
Ao longo do mês passado, o governo discutiu formas de reduzir os preços dos combustíveis, o que gerou impacto no mercado de açúcar.
O projeto que impõe teto à alíquota do ICMS sobre combustíveis ainda precisa ser votado no Senado. Conforme as discussões avançaram, foi apresentado um outro projeto, incluindo o etanol, para compensar possíveis perdas que teriam as usinas com a maior competitividade da gasolina.
Ainda assim, o consultor preferiu não tirar conclusões sobre o impacto para o mercado da eventual medida compensatória, opinando que Estados deverão entrar com ações judiciais contra as mudanças propostas no ICMS.
O Senado iniciou hoje (13) a sessão de discussão e votação do projeto que fixa um limite para a incidência de ICMS sobre combustíveis e energia, entre outros setores, e também uma PEC que visa manter a competitividade do etanol.
O consultor citou ainda que o volume de contratos futuros de açúcar negociado em maio na bolsa de Nova York foi de apenas 2,1 milhões, queda de 36% em relação ao volume negociado no mês anterior.