Depois de dois anos em modo virtual durante a pandemia, um encontro repleto de ação retornou ao norte do Oregon, no final de julho. Cerca de 200 mulheres se reuniram para a Conferência Women in Wine in Oregon, sob lindos céus em Willamette Valley Vineyards para um dia de formação de equipes, discursos inspiradores e um mergulho profundo no que o futuro da indústria de alimentos e vinhos pode vir a ser.
Diversidade no mundo do trabalho e encontrar o que te inspira foram dois temas recorrentes da conferência. Marli Williams, do Camp Yes, que promove acampamentos femininos destinados à autorreflexão e inspiração – tanto no Oregon quanto no México –, fez toda a plateia do congresso aplaudir e levantar os punhos.
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Ela seguiu com vários exercícios em grupo, em que as mulheres interagiam com aquelas que não conheciam, uma de cada vez, o que tornava o momento incrível. A cada interação era preciso dar uma resposta diferente e é incrível o que você pode aprender sobre si mesmo em dois minutos.
Outro palestrante, Jeri Andrews, co-proprietária e fundadora das adegas Xobc, encorajou as participantes a encontrar seus superpoderes listando pelo menos dois deles em um pedaço de papel. Ela então incentivou o público a usá-los para sua melhor vantagem, observando que, combinando dois deles, “você pode fazer quase tudo”.
O futuro da comida (e do vinho)
O último painel do dia foi talvez o mais interessante do ponto de vista acadêmico. Os oradores incluíram um chef, um enólogo e um agricultor que cultiva vegetais e cria animais, entre outros.
A chef Kari Kihara havia se mudado de São Francisco para McMinnville, no Willamette Valley, para assumir o comando do restaurante MacMarket. Ela acrescenta que “queria ser vizinha e amiga de nossos agricultores”. Kari também queria comprar e dividir animais inteiros, em um movimento culinário que desperdiça menos e apresenta aos clientes uma variedade maior de cortes de carne.
No entanto, ela disse que educar os clientes era um desafio e se perguntou por que era tão difícil ensinar as pessoas a comer alimentos cultivados localmente. Kari acrescentou que foi pioneira na ideia de servir apenas um tipo de animal por vez, em vários pratos, até acabar. Os demais pratos do restaurante eram de vegetais.
As opções de menu atuais incluem um prato de carne de animais criados em pastagem, com patês rotativos, pães, batatas fritas fermentadas, azeitonas e fermentos; um prato de cogumelos e cebolinhas com tofu batido e frito, cogumelos-ostra e feijões-do-mar; e alface pequena com vinagrete de limão e alho.
Rachel Spiegelman, da Drake Farm, localizada no vale do Willamette, região no noroeste do Oregon, se mudou de Los Angeles com o marido há dois anos. “Ficamos realmente empolgados com a natureza e a comunidade.” No entanto, ela expressou preocupação com o fato de que grande parte da linguagem que usamos em torno da comida significa muito pouco nos dias de hoje: incluindo termos como da fazenda à mesa, sustentável e criado em pastagem [a propriedade cria galinhas, patos e suínos].
Rachel também se concentrou na importância de desenvolver uma economia compartilhada entre agropecuaristas, chefs e produtores de vinho. Ela acrescentou que poucos pequenos agricultores podem pagar por todo o equipamento necessário para a lida no campo, então cabe aos vizinhos compartilhar os itens quando possível.
Rachel diz, também, que a mão de obra é atualmente o maior custo dos produtores rurais e “nossos trabalhadores precisam ser mais bem pagos”. Os pontos de vista do fazendeiro Spiegelman e do chef Kihara se mostraram fascinantes. Ficou a vontade ver este painel ocupando uma posição mais proeminente na lista de oradores e que talvez pudesse ter mais enólogos participando da discussão.
*Liza B. Zimmerman é colaboradora da Forbes EUA. Escreve e promove eventos sobre vinhos e alimentos há mais de duas décadas. Já visitou as principais regiões vinícolas e produtoras de bebidas espirituosas do mundo em mais de 50 países. Tem diploma do Wine & Spirits (D.W.S.), precursor do Master of Wine.