“A população rural brasileira não está envelhecendo, ela está ficando mais jovem“, disse Marcelo Claudino, consultor sênior da S&P Global, hoje (14), ao apresentar parte dos dados da 8ª Pesquisa ABMRA – Hábitos do Produtor Rural, durante o 14º Congresso da Associação Brasileira de Marketing Rural, evento realizado na capital paulista.
O “rejuvenescimento” que ocorre no campo é o contrário ao que acontece de modo geral na sociedade, que envelhece. E mais, sucessão no campo, para o especialista, não é uma boa definição para esse rejuvenescimento, que no caso se refere ao papel das gerações na gestão das propriedades rurais. “Gosto de falar de transição de gerações, de coexistência de gerações dentro da propriedade. São três gerações: o patriarca, o pai e o filho tomando decisões”.
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Por faixas de idade, divididas em 18-25 anos, em 25-35 anos, 35-40 anos, a participação dessas gerações cresceu em relação a 2013, enquanto nas faixas acima dessas idades, para grupos de 41-50 anos, 51-60 anos e acima de 60 anos, a participação nas decisões de negócio vêm caindo. Isso não significa que os mais velhos estão fora das decisões, mas que estão compartilhando o que deve ser feito.
Na média, em comparação com as pesquisas de anos anteriores, em 2013 a idade desses produtores era de 48 anos. Em 2017, a média caiu para 46,5 anos e nesta edição da pesquisa a idade média é de 45,4 anos. “De 2013 para cá, um dado interessante que pode ser visto é a fusão de tradição e conhecimento, e conhecimento tecnológico juntos na propriedade rural”, afirma Claudino, que é engenheiro agrônomo responsável pela área de business intelligence para o Brasil e América do Sul na S&P Global, com cerca de 25 anos de experiência no agronegócio.
A pesquisa é o mais amplo projeto sobre hábitos do produtor. Foram ouvidos 3.048 produtores de 16 estados, divididos em 14 culturas e 4 rebanhos. O questionário, com 273 perguntas, foi dividido em 31 blocos de assuntos, entre eles hábitos de mídia, tecnologias, gestão, fontes de recursos financeiros, entre outros. “Considero a pesquisa como o mais amplo projeto da área não só do Brasil”, diz Claudino. “A pesquisa corresponde a mais ou menos 94% do PIB Agrícola no Brasil, com uma quantidade de produtores que dá amplitude horizontal e vertical.”