Três agricultoras se destacaram na quinta edição do Prêmio Mulheres do Agro, um projeto da multinacional alemã Bayer, em parceria com a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio). O trio de mulheres se destacou nas categorias grande, média e pequena propriedades, mas os segundos e terceiros lugares de cada uma das categorias também foram lembradas ontem (27), no anúncio das vencedoras durante o 7º CNMA (Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio), evento que durou dois dias e reuniu 2.500 mulheres em São Paulo (SP).
A produtora Helga Paiva ficou em primeiro lugar como grande propriedade. A fazenda Terra Nova, em Ibiá, Minas (MG), cultiva 5.000 hectares de soja, milho, produção de sementes e pecuária bovina. “Estou sempre estudando para aperfeiçoar nossa eficiência produtiva e otimizar os recursos naturais da propriedade”, diz. “Na fazenda, disponibilizamos áreas para o desenvolvimento de pesquisa para contribuir para uma agropecuária mais sustentável, por meio de parcerias com instituições privadas, tanto multinacionais, quanto empresas regionais, além da Embrapa e universidades.”
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O prêmio serve justamente para destacar o desempenho da gestão das propriedades com foco na sustentabilidade e no investimento em pesquisa e inovação. Helga, que trabalha com o irmão, investe no manejo da lavoura usando a rotação de cultura, o plantio de cobertura e agricultura de precisão. Também tem um sistema próprio de geração de energia solar fotovoltaica, além de recolher e reutilizar a água da chuva. Além disso, participa do programa PRO Carbono, iniciativa da Bayer que dá assistência aos agricultores visando o aumento da produtividade e de práticas que levam ao sequestro de carbono no solo, a partir de práticas agronômicas, como o plantio direto, por exemplo.
Nesta edição, o prêmio bateu recorde de inscrições com 210 mulheres, 53% acima do ano passado. Desde 2018, quando o prêmio foi criado, cerca de 900 mulheres já contaram suas histórias por meio da iniciativa, que reconheceu o trabalho de 45 agricultoras e pecuaristas de várias regiões do Brasil. “Cada inscrição tem uma trajetória inspiradora e que mostra o quanto as mulheres fazem a diferença no agronegócio brasileiro”, afirma Isabela Fagundes, especialista de comunicação corporativa da Bayer no Brasil.
O primeiro lugar na categoria média propriedade também veio de Minas Gerais. A cafeicultora Mariana Heitor, da fazenda Reserva Heitor, no município de Patos de Minas, produz, em média, 6.000 sacas de café por safra, em 150 hectares. “Deixamos de usar adubos químicos e esse foi um dos principais fatores que contribuiu para que fôssemos classificados como carbono neutro”, diz Mariana. Hoje, o adubo orgânico que é utilizado na lavoura vem dos resíduos próprios e dos vizinhos.
A fazenda fundada por seus pais há 28 anos, e que passou pelo processo de sucessão familiar, tem clientes como Starbucks, Nescafé e Nespresso, e já exportou para países como Reino Unido, Japão, Austrália e Grécia. Mariana também dedica parte da gestão ao desenvolvimento dos funcionários da propriedade. “Temos uma consultoria de treinamento voltada para o aperfeiçoamento de habilidades de liderança, pertencimento e inteligência emocional”, afirma. Além disso, a agricultora recebe anualmente 120 crianças para palestras e passeios pelas trilhas nas reservas e plantios do local, um trabalho que para ela faz parte da conscientização das futuras gerações sobre sustentabilidade.
A produção de café sustentável e de baixo carbono também foi primeiro lugar na categoria pequena propriedade. Juliana Rezende, desde 2015 está à frente da fazenda Santa Bárbara, localizada em Monte Carmelo (MG), produz 1.500 sacas de café por safra e tem como meta chegar a 3.000 até 2024. Farmacêutica de formação, ela conta com o apoio de diversos projetos com foco em um manejo mais sustentável, entre eles o River Friends, que visa o uso inteligente da água, o Love Bee, que multiplica a produção de abelhas nativas, e o Árvores Café, para medir a pegada de carbono do local.
“Nosso maior desafio foi encontrar parceiros que acreditassem em nossos projetos. Temos uma grande preocupação não somente em aplicar práticas sustentáveis em nossa fazenda, mas também na região como um todo”, afirma Juliana. “Além dos projetos já mencionados, mapeamos a fauna local com câmeras a fim de melhorar o ecossistema dos animais residentes e visitantes da propriedade.”
As demais mulheres premiadas foram Mariza Stuani de Almeida, de Formosa (GO), e Andréia Cervo Stefanello, de Campo Novo do Parecis (MT), na categoria grande propriedade. Mais Teresa Márcia Morais, de Barretos (SP), e Marli Scheifer, de Ipiranga (PR), entre as médias propriedades; além de Rayssa de Queiroz, em João Pessoa (PB) e Christiane Morais, de Barretos (SP), entre as pequenas propriedades. Para Gislaine Balbinot, diretora executiva da Abag, a premiação reflete a relevância do trabalho dessas mulheres e como elas constroem a boa imagem da produção no campo. “Elas têm um papel relevante para nosso setor, que atualmente tem o desafio de contribuir fortemente para diminuir a insegurança alimentar no mundo”, afirma Gislaine.