A indústria de cânhamo dos EUA está, mais uma vez, em uma encruzilhada. Desde a Farm Bill de 2014 (principal instrumento de política agrícola e alimentar do governo dos EUA, renovada e revisada a cada cinco anos), ela segue um caminho estranho e tortuoso. Embora a maioria das pessoas que atuam no setor esteja ciente dos chamados “cinquenta mil usos do cânhamo”, muitos desses usos não se concretizaram na prática.
Em vez disso, se viu uma longa lista de tendências do setor, principalmente consumíveis, como CBD (canabidiol), CBG ( canabigerol), CBN (canabinol), THCV ( tetrahidrocanabivarina), Delta-8 THC (Delta-8-tetrahidrocanabinol, HHC (hexahidrocanabinol), flor de cânhamo, canabinóides raros e similares. Muitos desses ingredientes são controversos e tendem a causar uma divisão na indústria.
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Essas linhas tendem a dividir os puristas – que vislumbram um mercado generalizado de fibras e grãos de cânhamo, e os usos em cascata da planta associados a combustível, plásticos e materiais de construção – de empresários experientes, ansiosos para rejeitar a receita de quaisquer derivados de cânhamo que a lei permita.
No entanto, o Congresso presenteou esses empresários com uma linguagem simples e a mais ampla possível (que, de acordo com a lei, dita a intenção do Congresso) de autorização/legalidade, ao declarar todos os sais, isômeros, derivados, compostos e extratos da planta como lícitos, substâncias não controladas e materiais regulamentados por lei.
Além disso, o 9º Circuito (tribunais de apelação no país) avaliou alguns desses compostos controversos, como o Delta-8 THC, e considerou que eles se encaixam “confortavelmente” nas definições da Farm Bill. Desnecessário dizer que isso causou um rebuliço na indústria de cânhamo dos EUA. Mas toda a “família” de usos do cânhamo deve ser considerada, e ignorar esses itens, ou difamá-los, é improdutivo e sem sentido.
O que se viu, até agora, foi uma formidável inovação na genética do cânhamo, particularmente no que diz respeito às variedades de fibras e grãos, e as novas opções de variedades da planta agora oferecidas aos agricultores norte-americanos. Isso serve para acelerar os mercados de cânhamo industrial.
No entanto, há rumores de que a próxima Farm Bill aumentará a porcentagem permitida de THC para 1%. É provável que isso promova a falsa noção de que os agricultores de cânhamo devem se concentrar na produção de canabinóides, em vez de usos industriais, e isso é uma má política pública por vários outros motivos.
Além disso, a infraestrutura de processamento de grãos e fibras de cânhamo (decoração) foi muito desenvolvida nos últimos anos. Esses grandes avanços posicionaram as operadoras dos EUA para um tremendo crescimento do mercado, em relação aos ingredientes e materiais do cânhamo, o que é realmente digno de comemoração no setor.
Mas o que de fato se mostra relevante é o desenvolvimento do cânhamo como um meio de gestão para ESG (ambiental, social e governança). Empresas de grande porte que exigem programas ESG, em função das demandas dos investidores baseadas em leis, ou a qualquer outra demanda nesse sentido, estão recorrendo ao cânhamo e às empresas de cânhamo para aquisição e/ou integração.
Por que? Porque o cânhamo está posicionado de forma única para fornecer uma base viável/convincente para o desenvolvimento interno de políticas ESG. Ou seja, existe um crescimento que vem sendo contido na indústria de cânhamo dos EUA. Basta dar uma bisbilhotada no mercado para conferir.
- Robert Hoban é colaborador da Forbes EUA. É advogado especialista e líder do grupo Clark Hill Law. Em 2018, fundou a Gateway Proven Strategies, consultoria global em cannabis, e em 2022 cofundou a cTrust, primeira empresa de pontuação, classificação e monitoramento de crédito para a indústria de cannabis.