A Lavoro, maior distribuidora de insumos agrícolas do Brasil, planeja realizar mais aquisições no mercado ainda no ano fiscal de 2023, que se encerra em junho, como uma das vertentes de crescimento necessárias para atingir a meta de dobrar os resultados anuais, disse o CEO da companhia, Ruy Cunha, à Reuters.
O objetivo é fechar o ano fiscal com geração de caixa operacional, medida pelo Ebitda ajustado, de 210 milhões de dólares, um salto ante os 106,2 milhões obtidos em 2022, conforme divulgação nesta semana. Para tanto, Cunha acredita que será preciso crescer tanto de maneira orgânica como inorgânica.
“Temos um pipeline de potenciais aquisições que estamos trabalhando para concluir… e o crescimento com as empresas que a gente já tem no grupo”, afirmou.
O executivo lembrou que quatro negócios foram concluídos no primeiro semestre fiscal “e continuamos trabalhando para fazer mais aquisições até junho”, enfatizou.
A maior parte das compras tende a ser realizada no Brasil, embora algumas também possam acontecer em países da América do Sul.
Para além disso, o objetivo da Lavoro é seguir com a estratégia de M&A também pelos próximos anos, mesmo em um ambiente de taxas de juros elevadas – algo que tem afastado companhias deste tipo de negociação devido ao impacto sobre o endividamento.
No mês passado, a concorrente no varejo de insumos AgroGalaxy disse à Reuters que a companhia deve evitar planos de fusões e aquisições neste ano por conta de uma taxa de juros considerada “proibitiva”.
No caso da Lavoro, Cunha disse que parte das aquisições está sendo realizada com recursos levantados pela empresa durante sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e, em um segundo momento, serão estudadas outras alternativas para levantar capital.
“É um momento de olhar com cautela o endividamento das empresas. A Lavoro sempre teve como política trabalhar com nível de alavancagem relativamente baixo… Com abertura de capital a gente deve direcionar o dinheiro para M&A… e olhando para o próximo ciclo, a gente vê outras alternativas para continuar a capitalizar”, afirmou o executivo sem detalhar as opções para conseguir recursos.
Insumos
Sobre o mercado de insumos, Cunha comentou que as negociações estão atrasadas para a safra 2023/24, em relação à média, devido ao atraso na colheita do atual ciclo da soja e também do cenário de preços dos produtos.
“Produtor está olhando o mercado e tentando acertar a melhor relação de troca, principalmente em compras com barter”, disse ele.
A avaliação é de que as negociações de insumos pelo produtor rural foram mais cautelosas entre janeiro e fevereiro, começaram a avançar mais em março e devem melhorar no decorrer dos próximos meses, com o agricultor voltando a elevar os níveis de aplicação de fertilizantes na lavoura após quedas na temporada passada em função de custos altos.
“Continuo otimista em relação ao próximo ano-safra. Essa questão do atraso inicial, em algum momento o mercado deve voltar a aquecer… como a gente já vem vendo sinais disso.”
Um fator que deve contribuir para este aquecimento do mercado é o nível de rentabilidade do produtor, que foi “adequado em 2022/23 e deve ser um pouco melhor em 23/24”, acrescentou o executivo.
Somente em fertilizantes, Cunha disse citando projeções de consultorias do mercado que o volume adquirido pelos produtores do Brasil para a próxima safra tende a crescer de 7% a 8%.
“A gente continua entendendo que o produtor deve continuar investindo em insumos”, completou.