Os preços do café robusta, historicamente uma variedade mais barata do que os grãos arábica mais suaves, atingiram os níveis mais altos em 12 anos nesta semana nos mercados internacionais, já que os torrefadores têm utilizado mais em meio a um fluxo limitado dos maiores produtores.
Analistas e autoridades do setor disseram que a demanda de robusta aumentou constantemente durante os últimos dois anos devido a uma menor oferta de grãos arábica após geadas anormais no maior produtor, o Brasil, o que elevou os preços do arábica para um pico de 11 anos.
Os torrefadores, pressionados pelo aumento dos custos, aumentaram a quantidade de robusta nos processos de produção do café torrado e moído em detrimento do arábica.
Aguinaldo Lima, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), disse que algumas empresas aumentaram sua mistura de robusta/conilon para 50%. No passado, um “blend” normal era em torno de 20% ou 30%.
“O fator do preço foi importante para a mudança do ‘blend’, claro, mas a qualidade dos robustas realmente aumentou”, afirmou.
O Brasil está iniciando a colheita de uma safra recorde de grãos canéforas (robusta/conilon) vista por analistas em 23 milhões de sacas. A indústria espera que os fluxos melhorem, já que os estoques no Vietnã, o maior produtor mundial de robusta, estão baixos.
Mas os produtores brasileiros da variedade, como observou Lima, não têm pressa para colher, pois buscam qualidade e tendem a esperar a maturação ideal.
Um corretor de uma trading internacional disse que o clima ameno e úmido no país atrasou a colheita. Ele estima que apenas 2% da safra no Espírito Santo foi colhida até agora.
Luiz Carlos Bastianello, presidente da Cooabriel, a maior cooperativa brasileira de café conilon, disse que quase nenhum grão da safra nova chegou até agora aos armazéns.
“A recomendação é que o produtor comece a colher café quando estiver pelo menos 80% maduro… Temos pouco café chegando até agora na cooperativa, podemos até dizer que é insignificante a quantidade que chegou, não podemos nem mensurar isso em percentual”, disse Bastianello.
Segundo ele, a perspectiva nos próximos dias é de clima favorável à colheita, sem chuvas que possam “trazer prejuízos ou qualquer preocupação em relação à safra”.
“O clima está correndo bem, a expectativa de colheita este ano é de ser muito idêntica em relação à colheita de 2022…”, acrescentou.
O Rabobank ainda espera que as exportações brasileiras de robusta cresçam, mas disse que os preços locais continuam muito altos.