A mineira nascida no município de Passos, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, será a primeira mulher a assumir a presidência da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), em 50 anos de existência do organismo que é o maior centro de inteligência para o setor no país. O nome da pesquisadora foi confirmado nos dois conselhos da entidade, o administrativo e de elegibilidade na sexta-feira (28), e sua posse ocorre na segunda-feira (1º de maio).
Massruhá faz parte do quadro de pesquisadores da Embrapa desde 1989. Ela é doutora em computação aplicada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), onde apresentou a tese “O modelo de inteligência artificial para diagnóstico de doenças de plantas.” Massruhá é mestre em automação pela Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e graduada em Análise de Sistemas pela PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).
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A pesquisadora participou de importantes transformações da área de informática na agropecuária, desde a fábrica de softwares, passando pela década da internet até a presente era digital, em que a computação é transformada no terceiro pilar da pesquisa científica, ao lado da teoria e da experimentação, segundo a pesquisadora.
Entre suas áreas de conhecimento está o desenvolvimento de tecnologias para sistemas complexos ou para soluções interdisciplinares portadoras de futuro, que se materializa no uso de ferramentas como Inteligência Artificial, blockchain e Internet das Coisas (IoT), entre outras.
“É uma honra assumir a direção da Embrapa na ocasião tão especial dos recém-completados 50 anos. É também um marco na gestão da instituição, que terá uma mulher na presidência pela primeira vez. Um passo importante da Empresa rumo a gestões cada vez mais igualitárias e inclusivas”, disse Massruhá.
Ela citou ainda alguns desafios trazidos pelas mudanças no agro. “No setor de alimentos, os consumidores se preocupam em obter produtos mais saudáveis e com transparência de informações. No setor energético, o agro tem muito a contribuir na transição para matrizes mais limpas. A pesquisa tem muito a desenvolver nessas e outras áreas sempre mantendo o foco na sustentabilidade ambiental, social e econômica.”
A carreira de Massruhá esteve por cerca de três décadas ligada à Embrapa Informática Agropecuária, unidade localizada em Campinas (SP), que, em de setembro de 2021, passou a se chamar Embrapa Agricultura Digital para melhor refletir seu papel multidisciplinar e transversal. A mudança aconteceu durante a gestão da pesquisadora na chefia-geral do centro de pesquisa (2015 a 2022). No período anterior, de agosto de 2009 a março de 2015, exerceu o cargo de chefe de pesquisa e desenvolvimento.
Antes de assumir cargos de gestão, Massruhá atuou por 20 anos na pesquisa, liderando projetos na área de engenharia de software, inteligência artificial e computação científica aplicada à agricultura. A pesquisadora lidera o recém-criado Centro de Ciência para Desenvolvimento em Agricultura Digital, apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que ajudou a idealizar, com o objetivo de estruturar o processo de transformação digital no agro de modo a reduzir desigualdades no acesso a tecnologias emergentes. (Com Embrapa)