Um sindicato de transportadores da Argentina iniciou na segunda-feira (24) uma greve por tempo indeterminado que está afetando o abastecimento do polo de exportações de grãos e derivados de Rosário, embora seus embarques continuem normalmente no momento, disseram as associações ligadas à atividade agroexportadora.
Na província de Santa Fé, onde estão localizados os terminais de Rosário, os transportadores impediram a passagem de caminhões com grãos pelas estradas, praticamente paralisando a entrada de veículos em um dos maiores centros exportadores do mundo. As empresas estão usando seus estoques para manter as exportações.
A colheita do milho e da soja, duramente atingidos pela estiagem, acaba de começar. Sendo assim, o tráfego costuma ser intenso nessa época do ano na Argentina, um dos maiores exportadores mundiais dos dois produtos.
O Sindicato Único dos Transportadores de Carga (Siunfletra), que reúne os caminhoneiros –principal meio de transporte de grãos da Argentina–, quer participar das reuniões das câmaras do setor com o governo para discutir as taxas de referência, consideradas baixas pela categoria.
A terceira maior economia da América Latina passa por uma situação econômica difícil, com inflação anual acima de 100% e poucas reservas cambiais.
“A chegada (de caminhões com grãos) está sendo prejudicada, mas há estoques (reservas) para trabalhar”, disse Guillermo Wade, gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM).
Fonte da câmara dos exportadores e processadores de grãos CIARA-CEC disse que o carregamento de navios foi mantido na segunda-feira, embora tenha alertado que as reservas de grãos e derivados estão baixas.
A atual campanha agrícola argentina foi afetada pela pior seca das últimas décadas, causando perdas significativas de produção, que no caso de culturas como soja e trigo implicam perdas de produção de cerca de 50% em relação ao ano passado.
“O transporte de carga terrestre está em situação de emergência. As tarifas são irrisórias. Você não consegue cobrir os custos do caminhão, não tem rentabilidade”, disse Daniel Seanopolo, representante do Siunfletra, que acrescentou que a manifestação vai continuar até que eles sejam recebidos pelo governo.
Na Argentina, mais de 80% do transporte de grãos é feito com caminhões.