Você já ouviu falar do pré-sal caipira? Utilizando resíduos agropecuários através de um processo chamado biodigestão, muitas propriedades rurais espalhadas pelo Brasil estão produzindo biometano e biogás, que podem abastecer automóveis, tratores ou acionar motores adaptados de ciclo diesel para geração de energia elétrica.
Isto é importante para o Brasil, pois nosso país tem uma área de 850 milhões de hectares, é o quinto maior país do mundo em extensão, o maior em termos de área cultivável e está entre os poucos países do mundo com potencial de aumentar sua produtividade de acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Nosso país é hoje o 4oº maior produtor de alimentos do mundo, 5o maior em área cultivada (55,8 M hectares) e 2o maior rebanho do mundo.
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O Brasil vem consolidando sua posição como um dos principais produtores e fornecedores confiáveis para mercados internacionais. O sucesso da agropecuária brasileira é baseado em pesquisa e tecnologia, lastreado em intensificação, objetivando a busca constante de aumento de produtividade aliado à sustentabilidade.
O agronegócio é o principal eixo para atingirmos nossas metas de sustentabilidade através da adoção de tecnologias de produção que resultem em ganhos produtivos e contribuam para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa.
A agropecuária brasileira vem adotando tecnologias como tratamento de resíduos e dejetos animais, recuperação de pastagens degradadas, sistemas de ILPF (Integração lavoura, pecuária, floresta), Sistema de Plantio Direto, florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio, bioinsumos, entre outros. A portaria MAPA no 471 de 10 de agosto de 2022 institui o plano ABC+, que oferece opções ao produtor para aumentar sua eficiência produtiva e ganhos econômicos, ambientais e sociais. As metas até 2030, são de ampliar em 208,40 milhões de m³ a adoção de Manejo de Resíduos da Produção Agropecuária.
O setor vem conquistando sucessivos aumentos de produtividades, que se refletem não somente nos produtos principais, mas em toda a biomassa. No setor pecuário, a tendência de intensificação dos cultivos, faz com que seus resíduos ou efluentes também estejam cada vez mais disponíveis a algum tipo de aproveitamento, podendo ser utilizados para a produção do biogás e do biometano.
“Toda esta biomassa residual produzida anualmente pode ser convertida em aproximadamente 77 bilhões de m³ de biometano ou em 160 TWh de energia elétrica, potencial este que representa, em termos de energia, mais do que todo o diesel consumido no Brasil (~47 Mtep) ou do que a energia elétrica gerada na usina hidrelétrica de Itaipu (100 TWh)”, de acordo com o Informe Técnico Série SIEnergia: Potencial Energético dos Resíduos Agropecuários do Ministério de Minas e Energia.
Já a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), acredita que o potencial brasileiro para produção de biogás seja estimado em 120 milhões de m³ por dia, podendo atender a 100% da meta brasileira no Acordo Global de Metano, evitando a liberação de 8 milhões de toneladas do gás na atmosfera.
O biodigestor é um equipamento que proporciona um ambiente controlado para a decomposição da matéria orgânica presente nos dejetos por meio da biodigestão, que tem sido avaliada como uma das tecnologias mais eficientes em termos energéticos e ambientais para produção de bioenergia. O biodigestor é acoplado às plantas de produção para o tratamento de dejetos e produção de biogás, energia elétrica, além do biofertilizante que é um excelente insumo a custo baixíssimo.
A produção agropecuária é onipresente, está distribuída por todos os estados do Brasil, portanto a produção de biocombustível através de seus resíduos, é descentralizada, flexibilizando sua produção e distribuição, democratizando a utilização de biogás no país.
O maior potencial de produção de biogás com de 57,8 milhões de m³/dia vem do setor sucroenergético, seguido pela cadeia de proteína animal com 38,9 milhões de m³/dia, depois a produção agrícola, 18,2 milhões de m³/dia. Em número de plantas, o destaque fica para o setor de proteína animal, que responde por mais de 80% das usinas em operação, segundo a Abiogás.
A relevância dos biodigestores vem da necessidade de diversificar a matriz energética, obter fontes alternativas de fertilizantes e buscar soluções sustentáveis visando atingir nossas metas de descarbonização e desta maneira abrir e manter novos mercados para produtos produzidos de maneira mais sustentável pelo agronegócio nacional.
*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.
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