Com aquisição da Agrosatélite neste mês, a Serasa Experian obteve um banco de dados “único” com dez anos de performances mapeadas das principais safras em todo o Brasil, o que amplia a atuação da empresa no agronegócio e consolida clientes como as principais tradings.
Em entrevista à Reuters, o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta, acrescentou que a Agrosatélite ajudará a companhia a diferenciar melhor os riscos dos agricultores, permitindo, por exemplo, o entendimento de como alguns conseguiram atravessar momentos difíceis de quebra de safra sem perder capacidade de pagamento.
“Estamos adquirindo um acervo fantástico. Isso dá pra gente uma posição competitiva muito forte. Vai permitir que entendamos como o produtor se comporta em diversas situações”, disse Pimenta.
A Serasa tem encontrado uma gama de possibilidades no agronegócio, crescendo 30 vezes a sua receita de serviços ao segmento em apenas dois anos de atuação. Isso foi possível com aquisições de companhias de tecnologias e diante da demanda crescente do setor por dados que relacionam riscos ambientais, climáticos, de preços das commodities, negócios antecipados, entre outros.
A companhia tem como clientes as tradings — incluindo as mais tradicionais, conhecidas como ABCD (ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus), que estão na clientela da Agrosatélite –, além dos maiores bancos e cooperativas de crédito e dois dos três principais frigoríficos do Brasil.
Pimenta ressaltou que a aquisição da Agrosatélite permitirá uma melhor performance de seus modelos que avaliam o risco, “principalmente os modelos de inteligência artificial”.
O executivo explicou que, quando se trata de um consumidor urbano, basicamente é analisado o comportamento de pagamento dele, mas quando se fala de “agro” é preciso ver outras dimensões.
“A pessoa pode ser um excelente pagador, mas você tem que ver outras dimensões. Numa situação de extrema de perda de safra, como é que ele se comportou?”, questionou.
Pimenta disse ainda que é preciso considerar as diferenças entre produtores rurais, pois alguns têm negócios mais diversificados e estão mais preparados para tomar crédito ou atravessar situação mais difícil.
“Limpa nome do agro”
Com a integração dos dados históricos da Agrosatélite e os modelos de Inteligência Artificial (IA) da Serasa, a companhia estima que será capaz de alcançar 100% do território brasileiro com monitoramento das culturas de soja, milho, algodão, cana e café, permitindo novos serviços.
Entre eles, Pimenta citou projeto de uma plataforma sócio-ambiental para regularização de produtores interessados.
“Ainda não tem um nome comercial, internamente falamos em limpa nome do agro, que é pró-ativamente oferecer meios conectando o Ministério Público, escritórios de advocacia, para que produtores que queiram se regularizar assinem seus termos de ajustamento e possam continuar fazendo negócios”, explicou o executivo.
Com o apoio dos dados da Agrosatélite, esses produtores poderão ser mapeados, os problemas que cada um têm poderão ser mais bem entendidos, e possíveis soluções podem ser encaminhadas.
“Vai ser um primeiro teste, um primeiro modelo que vamos fazer para colocar a ferramenta para produtores rurais… faríamos a conexão entre produtores.”
A Serasa disse ainda que a Agrosatélite também abre novas possibilidades para empresas brasileiras pensarem mais sobre agroflorestas, descarbonização e controle de sustentabilidade. Também permitirá monitoramentos de vigor vegetativo das lavouras, socioambientais da terra e do Cadastro Ambiental Rural (CAR).