O movimento da 28ª Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), que termina nesta sexta-feira (5), deve gerar negócios superiores à edição do ano passado, que foi de R$ 11,2 bilhões. Há estimativas de pelo menos dobrar os números de 2022. Na concessão de crédito aos produtores rurais, um setor que vem apostando nesse crescimento são os bancos cooperativos. Estão entre eles cooperativas como Sicredi, Sicoob-SP e Credicitrus, três instituições com forte inserção, além de cooperativas com seus sistemas financeiros, como é o caso de Coopercitrus e Coplacana. São instituições financeiras com foco, principalmente, em pequenos e médios produtores. Essas instituições informaram que têm à disposição cerca de R$ 9 bilhões (o Credicitrus não informou o montante, mas tem peso na conta final da feira).
O Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo) colocou à disposição dos produtores R$ 5 bilhões. “Os primeiros dias mostraram produtores interessados”, diz Gustavo de Freitas, diretor executivo de crédito da cooperativa. Segundo Freitas, estão pavimentando o interesse dos tomadores algumas facilidades que vêm se tornando comuns no campo. Por exemplo, a digitalização das CPR (Cédula de Produto Rural ) trouxe facilidades. “Um produtor pode estar no meio da lavoura, pegar o celular e efetuar uma operação”, afirma Freitas.
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Mas em volume, para a Agrishow, o principal caminho do crédito deve vir por meio de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). “Com o Plano Safra atual, nossa estimativa é chegar a R$ 8 bilhões de crédito gerado até maio”, afirma Freitas. “A Agrishow vai ajudar nessa meta.” Em 2022 foram captados R$ 30 milhões em propostas na feira. O Sicredi, que nasceu no município de Não-Me-Toque (RS), tem atualmente 35 mil associados e 108 cooperativas integradas que no ano passado levaram o Sicredi a movimentar R$ 207 milhões em patrimônio líquido e fechar o ano com R$ 2 bilhões em ativos.
O Sicoob-SP (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil) colocou à disposição R$ 2 bilhões para as 14 cooperativas paulistas associadas. “Agora temos recursos e as empresas têm condições de entregar os produtos”, afirma Rodrigo Moraes, diretor executivo do Sicoob-SP. A instituição apostou em uma linha especial de consórcio na feira, com taxa de administração a partir de 6,38%, e financiamento próprio com juros a partir de 15% e isenção de IOF.
Na Coopercitrus, com 38 mil cooperados, a aposta na modalidade de negociação é o barter, em que o produtor pode trocar sua produção futura de grãos por insumos, máquinas e serviços de tecnologia. “Nossa expectativa é faturar, para os nossos cooperados, R$ 1,8 bilhão”, afirma Fernando Degobbi, CEO da Coopercitrus. O valor na Agrishow 2023 superaria o R$ 1,5 bilhão de 2022. Segundo Degobbi, para ter esse público na feira foi realizado um trabalho de atração dos cooperados, como por exemplo o envio direto de 12 mil convites.
Para a Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo), a mais tradicional cooperativa desse setor, fundada em 1948, e com forte atuação também nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná, a meta é repetir o desempenho da feira de 2022, quando foram fechados créditos da ordem de R$ 50 milhões. “A feira está boa e estamos atingindo as projeções de vendas”, afirma Paula Neto. A Agrishow começou no dia 1 de maio.