A gigante agrícola Amaggi, que comercializa quase 19 milhões de toneladas métricas de grãos e fibras globalmente, está lançando uma nova fase de seu programa de agricultura regenerativa como parte de seu compromisso de ajudar a desacelerar as mudanças climáticas.
A agricultura regenerativa envolve proteger e restaurar a saúde do solo, o que, por sua vez, ajuda a capturar mais carbono da atmosfera para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Há décadas a empresa aplica técnicas regenerativas em suas próprias fazendas, disse em entrevista a diretora de ESG da Amaggi, Juliana Lopes.
Agora, o programa quer se expandir, disseminando as práticas para os fornecedores de sua cadeia de valor, já que a empresa busca atingir emissões líquidas zero de carbono até 2050, disse ela. A Amaggi obtém 39% de sua soja da Amazônia e 41% do Cerrado, dois biomas ameaçados que cobrem quase dois terços do país.
Especialistas dizem que mudar da agricultura convencional para a regenerativa exige investimentos em máquinas, ferramentas de precisão e consultoria especializada. Para a Amaggi, o desafio será convencer seus 6 mil fornecedores a participar, com treinamento e incentivo financeiro.
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“Vamos criar uma estrutura nos próximos 12 a 24 meses para replicar o modelo”, disse Lopes. “Não será suficiente fazer isso apenas em nossas fazendas”, acrescentou, referindo-se às práticas regenerativas que a Amaggi já aplica em 369 mil hectares de áreas próprias e arrendadas.
Lopes disse que o envolvimento dos produtores que vendem à empresa é fundamental para que Amaggi atinja suas metas de redução de emissões do chamado “Escopo 3”, que se refere a emissões de integrantes de sua cadeia de fornecimento. A produção própria de grãos da companhia representa 5% de todos os volumes comercializados pela empresa, disse Lopes, enquanto os fornecedores respondem por 95%.
Rotação de culturas, plantio direto e integração de pecuária e agricultura são técnicas de agricultura regenerativa, juntamente com o uso de insumos biológicos em vez de químicos. No clima tropical do país, no entanto, substituir 100% dos produtos químicos por insumos biológicos não é viável, disse Lopes.