Os cafezais do Brasil, maior exportador mundial de café arábica, parecem muito saudáveis após as condições climáticas favoráveis deste ano e estão a caminho de uma excelente safra em 2024, mas há desafios pela frente devido à esperada influência do evento climático El Niño, disseram especialistas nesta quinta-feira (27).
Durante uma conferência organizada pela Cooxupe, a maior cooperativa de café do mundo e principal exportadora de café do Brasil, os meteorologistas e agrônomos apresentaram suas visões sobre a situação dos cafezais arábica do Brasil, observando o potencial para a produção do próximo ano.
Em geral, eles veem as plantas em muito boas condições, com muitas folhas e potencial para produzir mais em 2024, mas a perspectiva de chuvas antecipadas e frequentes no segundo semestre — uma das características do El Niño para o centro-sul do Brasil — pode prejudicar a qualidade da nova safra.
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“Observamos um crescimento da vegetação muito bom, com muitos ramos se desenvolvendo”, disse José Donizeti Alves, professor de agronomia da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Mas ele acrescentou que espera-se que o clima seja mais úmido do que o normal, o que pode resultar em uma floração precoce e várias subsequentes, desenvolvendo frutos de forma desigual e amadurecimento desigual.
Marco Antonio dos Santos, sócio da empresa de previsão agrometeorológica Rural Clima, disse que o El Niño costuma trazer chuvas mais recorrentes para o cinturão do café arábica brasileiro (Estados de MG e SP).
Ele acredita que a perspectiva de mais umidade trará várias florações a partir de agosto, sendo que a maioria delas tem potencial para gerar frutos, resultando em cerejas em diferentes estágios de desenvolvimento nas plantas.
Isso geralmente prejudica a qualidade, pois na época da colheita o agricultor colhe cerejas verdes, maduras e também aquelas que já passaram do ponto de maturação.