A JBS, maior produtora de carnes do mundo, voltou a registrar prejuízo líquido no segundo trimestre, embora tenha apresentado melhora em relação aos primeiros três meses do ano, com os desafios das unidades dos Estados Unidos, como menor demanda e oferta restrita de bovinos, ainda pressionando os resultados, informou a empresa nesta segunda-feira (14).
O prejuízo líquido somou 263,6 milhões de reais, versus 1,45 bilhão de reais de perda no primeiro trimestre e contra um lucro de 3,9 bilhões de reais no segundo trimestre ao ano passado, quando a conjuntura era outra, com melhor oferta de animais e um mercado consumidor mais demandante.
Para o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni, os resultados são incomparáveis com a mesma época do ano passado, uma vez que naquele segundo trimestre o mundo vinha ainda no “embalo” dos efeitos da pandemia, “quando houve estímulos financeiros de governos para a população em todos os países”, e a indústria correu para atender uma maior demanda.
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Por outro lado, a JBS segue encarando este ano uma oferta norte-americana de gado restrita, com projeções de que ela siga apertada para o principal segmento do grupo em geração de receita.
“A redução da oferta de bovinos, a gente acha que vai apertar mais (nos EUA). Com isso vai ter preço de gado com preço maior e vai ter preço de carne ao consumidor com preço maior. Vai ter menor oferta de carne no mercado, este é um desafio”, afirmou ele à Reuters.
Segundo o executivo, com a chegada das chuvas em algumas regiões produtoras de bezerros dos EUA, começa a ter retenção de fêmeas, o que se reflete na retração de animais disponíveis para a indústria.
“Em outras palavras, vamos ter menos animais para abate. A oferta vai cair, ela é ruim no curto prazo, mas tem visibilidade que o ciclo começa a se inverter”, completou, lembrando que as fêmeas produzirão mais bezerros.
Ainda que tenha destacado melhoras no cenário de bovinos na Austrália e Brasil, que vive um ciclo inverso ao norte-americano, com mais abates e preços menores do boi gordo, outras unidades dos EUA demandam atenção, já que não há mais os estímulos econômicos, a inflação está alta, afetando o poder de compra da população, assim com os juros estão altos.
Ele disse que os preços de carne de frango e suína dos EUA estiveram mais baixos para a indústria, mas ainda não foram repassados pelo varejo aos consumidores.
“Vimos pouca promoção de carne suína e de frango aos consumidores, acreditamos que isso venha a ocorrer, no decorrer do terceiro e quarto trimestres”, completou.
Ele destacou que os preços de grãos como soja e milho estão mais baixos, o que deve ajudar os resultados da companhia, embora o efeito não seja imediato, considerando que empresa trabalha com estoques adquiridos anteriormente.
Resultados
Na comparação com o primeiro trimestre, os resultados da JBS no segundo trimestre apresentaram melhora, frisou o executivo, comentando que isso se deve à plataforma global diversificada da companhia e à adoção de medidas de gestão operacional para aprimorar a performance comercial e industrial.
A receita líquida no segundo trimestre totalizou 89,38 bilhões de reais, um crescimento de 3,1% na comparação trimestral, mas uma queda de 3% em relação ao mesmo período do ano passado.
A geração de caixa da empresa medida pelo Ebitda ajustado foi de 4,5 bilhões de reais, uma queda de 57% na comparação anual, mas um salto de 106,7% ante o primeiro trimestre.
No trimestre, a margem Ebitda ajustada foi de 5,0%.
A JBS Brasil, que reúne os negócios de bovinos da empresa no país, apresentou receita líquida de 13,9 bilhões de reais, crescimento de 14,6% na comparação com o primeiro trimestre, com uma queda de 0,9% em relação há um ano antes.
A Seara teve receita líquida de 10,3 bilhões, em linha com o trimestre anterior, mas uma queda de 3,5 anual%.
Já o negócio de bovinos nos Estados Unidos teve receita líquida 5,8 bilhões de dólares no segundo trimestre, aumento de 10,3% na comparação trimestral, com um Ebitda ajustado de 83,4 milhões de dólares, versus 624,3 milhões de dólares no mesmo período do ano passado.
Mesmo com os desafios de mercado, investindo 1,8 bilhão de reais na expansão das operações e distribuindo 2,2 bilhões de reais em dividendos, a JBS manteve a dívida líquida em dólar praticamente estável, relatou a empresa.
Ao final do segundo trimestre de 2023, o endividamento líquido estava em 16,7 bilhões de dólares, ligeira alta de 1% em relação ao primeiro trimestre de 2023.