As regiões produtoras de soja do Brasil que sofreram com a falta de chuva neste início da temporada de plantio 2023/24 começarão a ver algumas precipitações, ainda que irregulares, após período de forte calor que ganhou força com um bloqueio atmosférico na região central do país, avaliou nesta terça-feira (26) a meteorologista Desirée Brandt, da Nottus.
“A partir de amanhã, quarta-feira (26), começa a ter a quebra desse padrão de bloqueio, e aos poucos a chuva vai avançar. Não vai ser bem distribuída, vai acontecer de forma bastante irregular”, disse ela à Reuters, lembrando características do padrão climático El Niño.
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As consequências disso, acrescentou Brandt, é que o avanço do plantio no Brasil seja feito gradativamente.
“O plantio vai evoluir de forma mais escalonada. Não vai ter atraso de chuva, não tem previsão (disso), mas vai ser aos poucos. Isso vai ditar o ritmo de plantio, essa forma da chegada da chuva”, comentou.
O bloqueio atmosférico registrado na última semana trouxe preocupação especialmente para produtores do Sudeste e Centro-Oeste que gostariam de ter colocado as plantadeiras nos campos, já que parou de chover e o calor aumentou.
Os trabalhos, que atingiram cerca de 2% da área projetada para a safra 2023/24 até a semana passada, poderiam estar mais avançados.
Conforme a meteorologista, o El Niño, que costuma trazer mais chuvas para o Sul, já pode ser considerado de “forte intensidade”.
“Embora não seja um super El Niño, os efeitos dele ficam mais evidentes”, comentou, chamando a atenção para a irregularidade climática na região central.
“Não vai deixar de chover nas principais áreas produtoras, só que vai ser chuva mal distribuída, não como no ano passado (de chuvas volumosas e persistentes). Não vai faltar, mas teremos o desafio de um plantio mais escalonado”, completou.
A partir de meados de outubro, a tendência é de uma “chuva mais encorpada”, disse Brandt. Mas isso não significa ausência de riscos de irregularidade de precipitações ou de novas ondas de calor.