A Expocacer (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado), informou nesta segunda-feira (27) que acaba de receber o selo de certificação regenerativa para 5,5 mil hectares de lavouras de café. Criada em 1993 e com sede no município de Patrocínio (MG, a cooperativa reúne 680 produtores e exporta os grãos para cerca de 30 países.
A certificação renegerativa veio por meio da auditoria da Regenagri, que é um programa internacional de agricultura regenerativa baseado no Reino Unido. Atualmente, o programa é utilizado por cerca de 90 mil fazendas no mundo, em 1 milhão de hectares. Também entra no processo a inglesa Control Union, agente certificador com um século de mercado.
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A certificação garante a integridade dos processos da Expocacer na recepção e no tratamento dos cafés dentro do manejo regenerativo. Estão nas avaliações a utilização de energia renovável, coleta seletiva e a rastreabilidade dos cafés armazenados, acompanhando o percurso do produto desde sua entrada no armazém, até sua distribuição aos consumidores finais. A cooperativa possui dois armazéns com capacidade para um milhão de sacas. De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil colheu em 2023 a sua terceira maior safra de café da história. São 54,36 milhões de sacas de 60 quilos. Selos trazem ao produtor a possibilidade de maior valor agregado no comércio do grão e fidelidade de um consumidor que busca por produtos com garantia de origem.
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A certificação também contempla a responsabilidade com o meio ambiente, consumidores e produtores regenerativos, com os quais a cooperativa recebeu 100% de aprovação. “Projetos e iniciativas como Elas no Café, Jornada da Qualidade, Expocacer Teens, entre outros que trabalham e que estimulam ações sustentáveis junto à comunidade cafeeira foram essenciais para esta conquista,”, diz Simão Pedro de Lima, diretor superintendente da Expocacer.
A cafeicultura regenerativa adota práticas que visam preservar a saúde do solo, aumentar a biodiversidade, proteger recursos hídricos e promover a resiliência dos sistemas agrícolas. Dentre as vantagens das práticas regenerativas estão: preservação da flora e fauna, redução de custos, diminuição da poluição, maior qualidade do café, maior resistência às mudanças climáticas e redução do desmatamento.
“Estamos muito orgulhosos, pois essa conquista vem para confirmar o trabalho que está sendo desenvolvido há anos pela Expocacer e que com a certificação fortalece ainda mais o compromisso de garantir uma cafeicultura sustentável”, afirma Farlla Gomes, gerente de sustentabilidade da Expocacer. Um exemplo desse trabalho de campo rumo às certificações é a parceria que a Expocer tem com o Sebrae ( Serviço Apoio às Micros e Pequenas Empresas). A cooperativa já estruturou o trabalho nas propriedades de 14 cooperados por meio das ferramentas de gestão disponíveis pela entidade e deve fechar 2023 com mais 10 propriedades acompanhadas.
Atualmente, a cooperativa tem sua produção rastreada e automatizada por meio de uma tecnologia chamada RFID (método de identificação automática através de sinais de rádio), o que permite aos produtores saberem a localização exata do seu café nos armazéns da entidade. De acordo com os executivos da Expocacer, a tecnologia foi fundamental para a certificação.
Partiu dessa estrutura o primeiro café com selo de agricultura regenerativa do mundo, lançado em outubro e distribuído globalmente no varejo pela marca italiana Illy Caffè, em parceria com a Expocer e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado. O produto já está disponível em 50 países, com previsão de atingir 140 até 2024. “Obter a certificação regenerativa para a Expocacer é alcançar um patamar de expansão de valor, pois influencia diretamente o ‘core’ do nosso negócio”, afirma Flávia Nunes, diretora de operações e logística da Expocacer. “É a formação de um conjunto de ideias, estratégias e atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis e socialmente justas, garantindo o suprimento sem comprometer o das gerações futuras.”