O Brasil já exportou em 2023 um volume que pela primeira vez na história do país ultrapassou 100 milhões de toneladas de soja em grãos, ou seja, direto da lavoura para os navios. Segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior) foram embarcadas exatas 100,016 milhões de toneladas até meados deste mês de dezembro. Os dados foram divulgados pelo governo na tarde desta segunda-feira (18).
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Para o complexo soja, que inclui óleo e farelo, essa marca foi alcançada em 2018 quando o país exportou 101,331 milhões de toneladas por US$ 40,697 bilhões. O Brasil é o maior exportador e produtor global da oleaginosa. Com uma safra recorde no ciclo 2022/23 – de cerca de 155 milhões de toneladas – e importadores como a China aproveitando os preços mais baixos no país, as consultorias vinham apontando que essa marca na exportação poderia se consolidar este ano. “Uma marca histórica… Mas vale lembrar também que esse recorde foi feito às custas de um preço muito mais baixo recebido pelo produtor brasileiro”, disse a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
Segundo ela, uma produção acima do esperado na safra 2022/23, a comercialização antecipada muito lenta e o déficit de armazenagem do país “abriram espaço para que os importadores jogassem os prêmios de exportação para níveis muito baixos no primeiro semestre de 2023”, o que se refletiu nos preços pagos aos produtores.
“Com preços bem mais baixos que os do ano passado, os importadores (especialmente os chineses) aproveitaram o momento mais para recompor estoques do que para dar um grande salto no consumo, que vem com menos fôlego”, diz Siqueira. Até o final de novembro, a China já havia comprado 71,2 milhões de toneladas de soja em grão do Brasil e praticamente nada de farelos e óleo.
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A analista também lembrou que a Argentina, diante da severa quebra de sua safra, teve de aumentar fortemente as importações de soja do Brasil, o que favoreceu também os embarques brasileiros para o país vizinho, que é o terceiro produtor global de soja. Com uma indústria forte para o complexo soja, exportando valor agregado pelo farelo e óleo, a Argentina comprou do Brasil, até novembro, 4 milhões de toneladas de soja em grão, por US$ 2 bilhões. Para comparação, em 2022 o Brasil vendeu à Argentina apenas 290 mil toneladas de soja em grão.
Para 2024, a estimativa é que os embarques permaneçam em alta. A safra 2023/24 deve crescer 4,4% , para 164,7 milhões de toneladas, de acordo com a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), o que favore as exportações. (Com Reuters)