Agricultura regenerativa é o centro do filme “Common Ground”, documentário que está agitando o circuito de festivais de cinema. De cara, ele mostra que não é um documentário típico, por sinalizar um poder estelar em ação. O filme começa com um elenco repleto de celebridades falando sobre a importância de reimaginar a forma como os alimentos são cultivados.
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Entre as celebridades estão Laura Dern, Rosario Dawson, Donald Glover, Woody Harrelson, Jason Mamoa e Ian Somerhalder. “Queríamos fazer algo divertido, algo envolvente”, disse Rebecca Tickell, que fez o filme com o marido, Josh. “Não queríamos algo que fosse chato como um terreno plano.”
Terreno plano – na verdade se refere ao solo – é a própria essência desta história. Lembra do Dust Bowl? (nome de um fenômeno climático de tempestade de areia que ocorreu nos Estados Unidos na década de 1930 e que durou quase dez anos, até hoje na memória do país). Bem, de acordo com os diretores do documentário, aparentemente toda uma indústria não aprendeu com esse erro histórico, quando a camada superficial do solo sobrecarregada foi destruída, causando estragos nas propriedades de muitos agricultores.
Agricultura regenerativa para cuidar do solo
A prática da agricultura regenerativa, capturada em ““Common Ground”, mostra os benefícios de seguir alguns passos para criar um solo saudável – e, em última análise, mais lucrativo. Entre as práticas recomendadas estão:
Abandone o cultivo convencional
Cultive culturas de cobertura
Integre cultivos com animais
Plante uma mistura diversificada de culturas
E adivinha? A adoção da agricultura regenerativa restaura o carbono benéfico no solo, que retira CO2 da atmosfera. Em outras palavras, é um ganha-ganha para salvar o planeta. “E se houver uma solução elegante para as alterações climáticas?” perguntou Josh durante uma entrevista durante o Festival Internacional de Cinema de Palm Springs, onde “Common Ground” foi exibido para salas lotadas.
Conheça o fazendeiro Gabe Brown
Embora as celebridades que abrem o filme causem uma grande impressão, é o agricultor de Dakota do Norte que emerge como a estrela mais brilhante do filme. Em seu campo exuberante, Gabe Brown defende claramente o cultivo usando práticas regenerativas. Do alto, os espectadores veem a terra nua do vizinho, com uma camada superficial do solo destruída.
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Brown, que no final do filme revela ter sido diagnosticado com ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), veio de uma formação agrícola convencional, mas adotou o modelo regenerativo com entusiasmo. Ele se tornou um palestrante muito procurado sobre o assunto, além de circular com os cineastas. Sim, é Gabe posando com a ativista Jane Fonda no Tribeca Film Festival em junho, onde “Common Ground” foi homenageado com o prêmio Human/Nature.
O filme também traz histórias e estatísticas de cientistas e ambientalistas, mas nunca em tom enfadonho. Muita gente nunca viu a música característica de Aretha Franklin usada com tanto respeito (quem quiser saber do que se trata, será possível conferir, inclusive no Brasil, porque o filme estará disponível para streaming online em abril.)
Uma mensagem de esperança e um momento de angústia
Certamente, o uso da agricultura convencional não é um empreendimento fácil de reverter, e precisará de tempo para a conversão das áreas de cultivo em todo o mundo. É por isso que os cineastas acreditam em um objetivo realista de convencer 10% dos agricultores, nos EUA, a seguirem este caminho mais saudável para o solo. E o filme pode ajudar nesta tarefa.
Isso significa 40 milhões de hectares de cultivo (no Brasil, 10% das terras usadas pelo agro, entre lavouras e pastos seriam cerca de 20 milhões de hectares). A primeira a embarcar no desafio dos 40 milhões de hectares foi a Maker’s Mark, destilaria que é dona de fazendas, que informa estar “comprometida em moldar o futuro do bourbon por meio da inovação e do investimento para o melhor das pessoas e do planeta” nas suas inovadoras Star Hill Farms.
“Este movimento não está acontecendo apenas nas Américas, mas também na China, na África e na Índia”, disse Josh. “As pessoas estão cada vez mais conscientes de que as escolhas alimentares afetam a saúde, tratando os alimentos como medicamentos e despertando para a ideia de que o que comemos afeta o nosso corpo.”
A indústria da restauração também desempenha um papel importante e estará presente no terceiro filme da trilogia, que começou com “Kiss The Ground”. Os cineastas estão atualmente trabalhando em “Ground Swell”, que deve estrear em 2027.
Os produtores esperam que na data de estreia, o termo agricultura regenerativa não seja apenas uma fala aleatória, mas uma revolução deliciosa impulsionada por consumidores e produtores que se preocupam em salvar o planeta e em comer alimentos mais saudáveis. “Como pais de dois filhos pequenos, pensamos nisso o tempo todo”, diz Rebecca Tickell. “Não há nada que eu não esteja disposta a fazer para ajudar a mudar a direção que estamos tomando.”
Serviço: Common Ground será apresentado durante um evento especial no Festival de Cinema de Sundance, parte do programa deste sábado, 20 de janeiro, chamado Sistemas Alimentares e Meio Ambiente, no Park City Brewing.
*Leslie Kelly é colaboradora da Forbes EUA e escritora. Também escreve para Memphis Commercial Appeal, The Seattle Post-Intelligencer, Seattle Magazine, Tastemade, Allrecipes, Zagat e Serious Eats.