A Axios Capital, uma holding que tem em seu guarda-chuvas um banco de investimento, uma securitizadora e assessoria empresarial, com sede em Poços de Caldas (MG), anunciou nesta semana a criação de um fundo voltado para a negociação de dívidas do setor rural, baseado em títulos chamados NPL (Non Performing Loans, ou Empréstimos Inadimplentes)). Denominado Axios Special Situations I, o fundo está partindo de um investimento da ordem de R$ 70 milhões, mas a meta é estabelecer um capital inicial de R$ 200 milhões.
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O patrimônio, lastreado em garantias imobiliárias rurais, deve ser acumulado a partir do interesse de investidores profissionais, pessoas físicas e jurídicas, com aportes médios de R$ 10 milhões por acionista. A Axios conta, para isso, com a parceria financeira da Stark Investment Bank, sediado em São Paulo (SP), banco digital com R$ 2,5 bilhões sob negociação e R$ 600 milhões em transações concluídas, segundo a instituição.
“Nossa tese é investir em dívidas não performadas com alto grau de assimetria, envolvendo possibilidade de compra dos ativos com deságio considerável e uma cobertura sólida”, afirma Hugo Lopes de Barros, cofundador e CEO do grupo Axios. Segundo dados do Banco Central, os títulos NPLs de todos os setores econômicos ultrapassam, hoje, R$ 400 bilhões em dívidas vencidas no Brasil.
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Os NPLs são ativos oriundos de dívidas já judicializadas — nesse caso, relativas ao agro. As ações e suas garantias são escolhidas de forma criteriosa por equipes técnicas multidisciplinares, que avaliarão as possibilidades de negócio nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, de acordo com a empresa. Funciona da seguinte maneira: a Axios compra as dívidas do banco com deságio e assume seu lugar para a cobrança do valor devido.
A primeira atitude é um trabalho de inteligência para auxiliar o devedor na quitação da dívida, por exemplo com financiamentos ou “outras saídas para que ele consiga pagar”, afirma Barros. Em geral, são dívidas acumaladas em anos, já judicializadas e muitas em fase de desapropriação de bens. Caso não seja possível salvar o negócio para o produtor, a Axios entra com seus investidores interessados em adquirir as fazendas que estão dentro da dívida e que foram dadas como garantia. Segundo Barros “a Axios não cede o crédito diretamente aos devedores, mas consegue indicar instituições que o façam”.
Em suas operações atuais, a Axios aloca 70% dos investimentos em créditos não-adimplidos e single-names (de uma só empresa), com garantias e patrimônio alcançável avaliados em 150% do valor investido — o que, em seu novo fundo, será lastreado no valor de venda forçada de propriedades rurais e outros bens. Os outros 30% dos investimentos costumam ser utilizados na aquisição de ativos judiciais em situação especial, ativos imobiliários distressed (que são créditos bancários atrasados), direitos creditórios, precatórios, pré-precatórios e outras ações dessa natureza, todos com sentenças transitadas em julgado.
“Nosso track record (histórico de renda) demonstra que a Axios Special Situations I irá surpreender positivamente os investidores”, diz Barros. “Apesar de buscarmos remuneração na casa de CDI+10% (Certificado de Depósito Interbancário), temos alcançado resultados ainda melhores nos últimos anos.” A Axios possui um portfólio de 40 transações de investment banking concluídas e mais de R$ 600 milhões transacionados, com 19 negócios fechados nos últimos 24 meses, de um total de R$ 3 bilhões em negociação, 1,5 mil empresas cadastradas, três mil investidores e R$ 60 milhões de carteira própria envolvendo ativos judiciais, de acordo com a instituição. “Todos os investimentos do fundo têm garantia imobiliária. Escolhemos um setor que abriga bons devedores, ou seja, que têm interesse em quitar suas dívidas. E nós, da Axios, oferecemos boas condições para saldar esses débitos com opções personalizadas”, diz o executivo.