Em 2023, as vendas de máquinas agrícolas recuaram 13,2%. Foram compradas pelos produtores 60.921 unidades, de acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), ante 70.262 unidades em 2022. Para 2024, a estimativa é de mais um tombo de 11%. O ano de 2023 foi marcado pela cautela entre os agricultores, em função do clima adverso, problemas de financiamento e queda do preço das commodities, principalmente a soja. O ano de eleição também contribuiu para a freada das vendas.
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“As taxas de financiamento, tempo e liberação representam 60% da tomada de decisão do produtor na compra de máquinas”, disse Márcio de Lima Leite, em coletiva de imprensa realizada na sede da entidade, na capital paulista, nesta terça-feira (28). “Contribuiu, também, o clima adverso e queda dos preços das commodities, mas em menor grau”. Outro fator para o cenário de queda é a expectativa de uma redução da taxa Selic que vem sendo sinalizada pelo Banco Central e cobrada pelo governo federal. “Por isso, o produtor também vai empurrando a decisão de compra.”
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Por categoria, a redução do apetite por tratores foi de 12,4%, passando de 61.441 unidades para 53.793 unidades. O mercado de colheitadeiras encolheu 18,5%, passando de 8.821 unidades para 7.188. Mas Leite lembra que na comparação com anos anteriores, no período da pandemia de Covid-19, o mercado atual é mais comprador. Em 2021, as vendas de máquinas agrícolas foram de 58.433 unidades, em 2020 foram 40.983 unidades e em 2019 foram 38.728 unidades. “Foi um período que, enquanto houve muitas dificuldades com peças em todo o mundo, o parque industrial brasileiro continuou produzindo”, afirma.
Paraguai acorda para as exportações
As exportações do setor em 2023 também vieram abaixo. Foram embarcadas 8.759 máquinas no ano, ante 10.661 em 2022, uma queda de 17,8%. A projeção da Anfavea é de uma nova queda em 2024, da ordem de 3%. A estimativa é embarcar 8.500 unidades
Mas não foi somente a queda que chamou a atenção do mercado em 2023. Houve uma dança de cadeiras importante e poucas vezes vista na história desta indústria. A Argentina, que sempre foi uma fiel cliente, despencou do primeiro lugar para o sexto. No ano passado, o país comprou o equivalente a US$ 34 milhões (R$ 168,9 milhões na cotação atual), ante US$ 132 milhões (R$ 655,7 milhões) em 2019, um ano considerado bom para o setor.
O lugar de melhor cliente do Brasil foi ocupado pelo Paraguai no ano passado, com compras no valor de US$ 195 milhões, equivalentes a 30% das exportações. Foi seguido pelo EUA com US$ 95 milhões unidades (15%), Bolívia com US$ 55 milhões (9%), Uruguai com US$ 53 milhões (53%) e US$ 51 milhões com África do Sul (8%). As compras argentinas representaram 5%, um país de economia combalida e que também atravessou uma seca severa. Para a Anfavea, o cultivo de grãos vem crescendo no Paraguai, que é uma continuação do Brasil em termos de condições de solo e clima, além da presença de muitos produtores locais no país vizinho.
Mas Rafael Miotto, presidente da CNH Industrial para a América Latina, acredita que essa queda das compras argentinas deverá ser circunstancial. “Acredito num retorno, conforme a economia do país comece a melhorar”, diz ele, que também lembrou a capacidade de resiliência da indústria brasileira. O setor exporta para cerca de 120 países. Segundo o executivo, a indústria caminha para colocar o Brasil na primeira posição do ranking de produção desses insumos agrícolas. Hoje, o Brasil ocupa a quarta posição.