O preço da tonelada de cacau no mercado internacional ruma para os US$ 10 mil (R$ 50,1 mil na cotação atual), um valor inimaginável para essa amêndoa há bem pouco tempo. Os contratos futuros subiram cerca de 50% neste mês de março, registrando na segunda-feira (25) o valor de US$ 9.188 na Bolsa de Nova York. Para os especialistas do mercado financeiro, esse valor estava abaixo do que deveria. Ou seja, os preços devem continuar a subir. Desde o início de 2023, as cotações mais que dobraram no mundo. Mas por que isso acontece?
A resposta vem da África, dos dois maiores produtores da amêndoa. Costa do Marfim e Gana respondem por 60% da produção global, mas suas lavouras estão envelhecidas e perdendo produtividade. Junte-se a isso o clima adverso e a sanidade dos cultivos. Embora o cacau seja uma fruta nativa das Américas, atualmente, cerca de 70% das amêndoas colhidas no mundo saem de quatro países da África Ocidental: além dos dois já citados, estão na conta mais Nigéria e Camarões.
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O que acontece no campo interessa a uma uma agroindústria bilionária. Em 2023, a Mars Wrigley Confectionery foi a maior fabricante global de chocolate e processadora de cacau, com vendas líquidas da ordem de US$ 22 bilhões (R$ 110,3 bilhões). Completam o trio das principais empresas do setor o Grupo Ferrero e a Mondelēz, ambas com venda líquidas acima de US 10 bilhões.
Na safra 2022/23, a produção mundial de cacau foi de 4,95 milhões de toneladas, ante 5 milhões de toneladas no ciclo anterior, segundo a ICCO (International Cocoa Organization), organização intergovernamental criada em 1973. A área plantada é de cerca de 12 milhões de hectares, praticamente toda ela em área de clima tropical e floresta.
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A moagem da amêndoa na safra 2022/23 está estimada em 5 milhões de toneladas, 0,16% acima da safra anterior. Com isso, os estoques de passagem do cacau guardado de um ano para o outro também caia. Os estoques de final de temporada na safra 2o21/22 foi de 1,843 milhão de toneladas, com estimativa de cair para 1,727 milhão de toneladas na safra 2022/23, ou seja, tudo indica que na Páscoa de 2025, o preço do chocolate esteja ainda mais alto.
Confira a produção das safras nos principais países produtores, de acordo com a consultoria global Statista (para 2022/23, o dado é uma estimativa; para 2023/24, a previsão foi feita tendo como base fevereiro deste ano). A safra do cacau vau de outubro de um ano a setembro do ano seguinte:
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Gettyimages Costa do Marfim
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 2,488 milhões de toneladas
Safra 2021/22 = 2,121 milhões de toneladas
Safra 2022/23 = 2,241 milhões de toneladas
Safra 2023/24 = 1,800 milhão de toneladasObs: A mão da foto acima, mexendo os grãos de cacau seco, é de Alain Kablan Porquet, em Gagnoa, em novembro de 2023. Porquet é um dos primeiros chocolatiers da África a usar o método Anima, criado pelo especialista em cacau Albertus Eskes, que evita o processo holandês geralmente usado na indústria ocidental de chocolate.
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Gettyimages Gana
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 1,047 milhão de toneladas
Safra 2021/22 = 683 mil toneladas
Safra 2022/23 = 654 mil toneladas
Safra 2023/24 = 580 mil toneladasObs: Na foto, grãos secando ao sol em uma esteira de bambu, um método utilizado nas lavouras de cacau, que é o principal produto de exportação agrícola de Gana.
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Gettyimages Equador
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 365 mil toneladas
Safra 2021/22 = 365 mil toneladas
Safra 2022/23 = 357 mil toneladas
Safra 2023/24 = 430 mil toneladasObs: Na foto, uma mulher usa um moedor de pedra para triturar o cacau e preparar a bebida de chocolate, perto de Otavalo, no norte do Equador, uma tradição no país.
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Gettyimages Camarões
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 292 mil toneladas
Safra 2021/22 = 295 mil toneladas
Safra 2022/23 = 290 mil toneladas
Safra 2023/24 = 300 mil toneladasObs: Na foto, um produtor de cacau em uma lavoura em Camarões, na África Central. O pequeno país é o 3º maior produtor do mundo de banana-da-terra, noz de cola e taro, o 4º maior produtor mundial de cacau e o 7º maior produtor mundial de óleo de palma e inhame.
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Gettyimages Nigéria
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 290 mil toneladas
Safra 2021/22 = 280 mil toneladas
Safra 2022/23 = 280 mil toneladas
Safra 2023/24 = 270 mil toneladasObs: Na foto, separação de amêndoas em um propriedade da Nigéria, dono da segunda maior economia da África. Além de energia e gás, o país tem vastas áreas de terras férteis para a agricultura.
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Gettyimages Brasil
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 200 mil toneladas
Safra 2021/22 = 220 mil toneladas
Safra 2022/23 = 220 mil toneladas
Safra 2023/24 = 220 mil toneladasObs: A produção de cacau no Brasil começou a se estruturar no sul da Bahia, onde a planta se adaptou bem ao clima. As primeiras sementes chegaram a Canavieiras em 1746, e a Ilhéus, em 1752, e hoje até hoje as lavouras cabruca, em meio à floresta, são um símbolo da região, como na foto acima.
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Gettyimages Indonésia
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 170 mil toneladas
Safra 2021/22 = 180 mil toneladas
Safra 2022/23 = 180 mil toneladas
Safra 2023/24 = 160 mil toneladasObs: Na foto, uma plantação de Theobroma cacau, nome da fruta, com fundo bokeh de frutas das variedades Trinitario, Forastero e Criollo, cultivadas na Indonésia.
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Gettyimages Papua-Nova Guiné
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 42 mil toneladas
Safra 2021/22 = 42 mil toneladas
Safra 2022/23 = 41 mil toneladas
Safra 2023/24 = 42 mil toneladasObs: Cacau se tornou um símbolo de Papua Nova Guiné, arquipélago de Bismarck, ilha de New Britain. A fruta se destaca na província de East New Britain, distrito de Rabaul, na cidade de Rabaul, onde a foto acima foi feita.
Costa do Marfim
Confira a produção das últimas safras:
Safra 2020/21 = 2,488 milhões de toneladas
Safra 2021/22 = 2,121 milhões de toneladas
Safra 2022/23 = 2,241 milhões de toneladas
Safra 2023/24 = 1,800 milhão de toneladas
Obs: A mão da foto acima, mexendo os grãos de cacau seco, é de Alain Kablan Porquet, em Gagnoa, em novembro de 2023. Porquet é um dos primeiros chocolatiers da África a usar o método Anima, criado pelo especialista em cacau Albertus Eskes, que evita o processo holandês geralmente usado na indústria ocidental de chocolate.