A disseminação da gripe aviária para um número cada vez maior de espécies e a ampliação de seu alcance geográfico aumentam os riscos de os seres humanos serem infectados pelo vírus, disse a chefe da Woah (Organização Mundial de Saúde Animal, na sigla em inglês) nesta quinta-feira (4).
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
- Siga a ForbesAgro no Instagram
Os comentários de Monique Eloit foram feitos depois que o governo dos Estados Unidos relatou casos da doença em vacas leiteiras em vários estados e em uma pessoa no Texas, o que, segundo ela, seria uma grande preocupação se tivesse havido uma transmissão entre vacas, algo que autoridades norte-americanas ainda estão investigando.
A influenza aviária, comumente chamada de gripe aviária, levou ao abate de centenas de milhões de aves em todo o mundo nos últimos anos, sendo o vírus transportado principalmente por aves selvagens migratórias.
Embora o número de surtos tenha sido menor nesta temporada, o vírus se espalhou para novas regiões, incluindo a América do Sul e a Antártida, e atingiu um número maior de animais, dizimando colônias de espécies raras.
As raposas foram as espécies de mamíferos mais afetadas pela gripe aviária, mas o vírus também infectou dezenas de outras espécies, incluindo gatos, tigres, focas, golfinhos e ursos.
“Nos últimos meses, tivemos uma série de mamíferos diversos e variados. É preocupante ver essa extensão para outras espécies”, disse a chefe da organização com sede em Paris à Reuters em uma entrevista.
“Em última análise, estamos nos deparando com um número cada vez maior de espécies e de animais contaminados e, portanto, necessariamente com uma carga viral maior, com risco de contaminação de seres humanos”, afirmou ela.
Alguns surtos de gripe aviária causaram infecções graves ou fatais em pessoas que tiveram contato próximo com aves selvagens ou aves domésticas, mas até o momento não foi observada nenhuma transmissão sustentada entre humanos. Para a maioria das pessoas que não estão expostas a animais infectados, o risco de contrair a doença é muito baixo, dizem os cientistas.
Os vírus da gripe humana e animal tendem a sofrer mutações, o que gera a preocupação de que um deles se transforme em um vírus que possa ser transmitido entre mamíferos, inclusive humanos.
A EFSA (Agência Europeia de Segurança Alimentar) alertou na quarta-feira (3) sobre uma pandemia de gripe aviária em larga escala se o vírus se tornar transmissível entre as pessoas, já que os seres humanos não têm imunidade contra o vírus.