O OCED (Escritório de Demonstrações de Energia Limpa, na sigla em inglês), anunciou na última semana de março que a Kraft Heinz vai receber incentivos da ordem de US$ 170,9 milhões (R$ 865,1 milhões na cotação atual), no âmbito do DOE (Departamento de Energia dos EUA). Na semana anterior, um outro anúncio já havia sido feito para a Unilever, e antes desse um para a Digeo. No total, as três companhias com cadeias diretamente ligadas à produção de alimentos devem receber investimentos da ordem de US$ 265,9 milhões (R$ 1,346 bilhão) para reduzir as emissões de carbono em quatro das suas fábricas de sorvetes nos EUA.
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O OCED foi criado em 2021 para ajudar a dimensionar as tecnologias emergentes necessárias para enfrentar os desafios climáticos mais prementes e alcançar emissões líquidas zero até 2050. O organismo deve gerir nesse período cerca de US$ 25 bilhões em financiamento gerais para acelerar a descarbonização de processos.
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Para o setor industrial há oito projetos, dos quais três são para agroindústrias que trabalham diretamente com matérias-primas vindas do campo. O grupo já tem aprovado US$ 700 milhões em investimentos federais, relativos a 1,5 milhão de toneladas métricas de CO2 mitigadas, anualmente.
No caso da Kraft Heinz, os investimentos serão realizados em 10 unidades industriais do país. “As mudanças na infraestrutura feitas nessas dez fábricas nos permitirão replicar tecnologias e processos bem-sucedidos em nossas fábricas restantes nos EUA e em todo o mundo, tornando-nos mais eficientes à medida que repassamos as modificações realizadas para outras unidades”, disse Helen Davis, vice-presidente sênior e chefe de operações na América do Norte da Kraft Heinz, em comunicado.
A empresa informou, também, que as ações em busca de descarbonização faz parte de uma política global e que nos demais países ela também está pauta. No Brasil, a Kraft Heinz Company é dona das marcas Heinz, Kraft, Hemmer e Quero, e atua no país há pouco mais de uma década. Já a Unilever é uma das mais antigas multinacionais de alimentos no país, dona de 27 marcas, entre elas Ben & Jerry’s, Arisco, Mãe Terra, Maizena, entre outras. A Digeo não possui unidades de produção no Brasil, mas tem afirmado que o país é um dos mercados que mais crescem no mundo para a marca.
Confira os detalhes de cada um dos projetos para alimentos e bebidas:
Projeto Kraft Heinz: Descarbonização por meio de eletrificação integrada e armazenamento de energia
Investimentos do governo: até US$ 170,9 milhões (R$ 865,1 milhões)
O que é o projeto: A meta é atualizar, eletrificar e descarbonizar seu calor de processo em 10 unidades, aplicando uma gama de tecnologias como bombas de calor, aquecedores elétricos e caldeiras elétricas em combinação com biogás, energia solar térmica e fotovoltaica e armazenamento de energia térmica.
A estimativa é chegar a até 300 mil toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, traduzindo-se numa redução de 99% em relação aos níveis de 2022. Entre as ações estão, também, parcerias com escolas para treinamento e desenvolvimento de mão-de-obra visando qualificação para o trabalho com tecnologias sustentáveis.
Projeto Unilever: Descarbonização da fabricação de sorvetes
Investimentos do governo: até US$ 20,9 milhões (R$ 105,8 milhões)
O que é o projeto: A empresa deve substituir caldeiras a gás natural por caldeiras elétricas e bombas de calor industriais usando recuperação de calor residual em quatro instalações de fabricação de sorvetes no Tennessee, Missouri e Vermont. O projeto deve reduzir as emissões associadas à produção das marcas Ben & Jerry’s, Breyers, Klondike, Magnum, Popsicle, Talenti e outros sorvetes embalados e novos produtos congelados. A redução de gases está prevista em 14 mil toneladas métricas por ano.
Há áreas do projeto em que toda a cadeia de produção está contemplada, como o da Ben & Jerry’s, em Vermont, que apoia uma série de iniciativas de desenvolvimento comunitário, incluindo o Advancement Project and Milk with Dignity (Projeto de Avanço e Leite com Dignidade).
Projeto Diageo: Baterias para a descarbonização profunda da indústria de bebidas
Investimentos do governo: até US$ 75 milhões (R$ 379,7 milhões)
O que é o projeto: A Diageo Americas Supply, Inc. planeja fazer parceria com a Rondo Energy e o Laboratório Nacional de Energia Renovável, dos EUA, para substituir o calor alimentado a gás natural por baterias alimentadas por energia renovável e caldeiras elétricas em duas unidades.
A meta é reduzir as emissões de carbono em cerca de 17.000 mil métricas, por ano, para descarbonizar a produção de bebidas espirituosas, cocktails prontos e o whisky Bulleit. Além disso, a Diageo se compromete a compartilhar com as comunidades locais os resultados do monitoramento da qualidade do ar e da água das instalações, informando sobre as reduções de poluentes atmosféricos como resultado deste projeto.