Nos campos de Pergamino, no coração da região produtora de grãos da Argentina, o agricultor Adrian Farroni está acelerando sua colheita de soja, atrasada pelas chuvas que, juntamente com os preços baixos, levaram às vendas de soja mais lentas do país em uma década.
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O ritmo lento na venda da oleaginosa do país sul-americano pode prejudicar o suprimento da região, mesmo com a safra rival do Brasil sendo prejudicada por grandes enchentes. A Argentina é um dos maiores exportadores globais de óleo de soja e farelo, que são processados a partir da soja.
No início de maio, os agricultores argentinos haviam vendido 31% de uma safra de soja esperada de 49,7 milhões de toneladas, o ritmo mais lento desde pelo menos a campanha de 2014/15, segundo dados do governo.
“Geralmente, começamos a colheita em abril, mas estava chuviscando e chuviscando”, disse Farroni em seus campos, onde duas colheitadeiras estavam trabalhando para retomar a colheita durante uma janela de tempo frio e seco. “Assim, a cada semana, colhíamos apenas dois dias e, por cinco dias, tínhamos que parar.”
Dados do governo mostram que, até a última quarta-feira, os agricultores haviam colhido 61% da área plantada de soja, ficando atrás até mesmo do ritmo de colheita da temporada passada, que foi afetada pela seca.
Uma combinação de clima ruim e preços baixos paralisou as vendas, disse Dante Romano, pesquisador do Centro de Agronegócios da Universidade Austral, no centro de grãos de Rosário. Os agricultores geralmente concordam com as vendas antes que a safra seja totalmente colhida.
“O ritmo de vendas tem sido realmente lento, um dos mais lentos que já tivemos na história”, disse Romano, que estimou que foram fechados acordos para apenas 12% da safra de soja, cerca de metade do ritmo médio para esta época do ano.
Vendas de soja “paralisadas”
No início deste ano, os agricultores estavam recebendo cerca de 270 dólares por tonelada, disse Romano, incentivando-os a manter seus estoques de soja e esperar que o mercado se recuperasse.
“O produtor estava tendo prejuízo com esses preços, o que deixou as vendas totalmente paralisadas”, disse Romano.
Os preços da soja agora estão começando a se recuperar, pois as preocupações com as perdas de safra devido às enchentes no Brasil e à seca no norte da Argentina compensaram os dados que indicam uma menor demanda dos EUA.
No mercado de futuros de Rosário, na Argentina, os futuros de soja para julho estão sendo negociados em torno de 315 dólares por tonelada, abaixo dos 350 dólares durante o plantio no final do ano passado, mas acima das baixas recentes, o que, segundo analistas, estava estimulando um modesto aumento nas negociações.
O agricultor Farroni, no entanto, estava apostando em mais aumentos no preço da soja, optando por vender seu trigo e legumes por enquanto para se manter financeiramente, enquanto mantinha sua soja.
“Ainda não é tentador vender a soja”, disse ele. “Quem puder aguentar e adiar as vendas está esperando.”