Há 15 anos, com apenas US$ 5 mil (R$ 25,7 mil na cotação atual) para investir, os Forbes Under30 EUA, Nikhil Arora e Alejandro Velez, da Califórnia, lançaram o Back to the Roots (De Volta às Raízes). Na época, eles ainda eram estudantes universitários. Com sede em Oakland, hoje, a marca de jardinagem está no Walmart, Target, Lowes, Home Depot e Amazon. O negócio teve um crescimento de dez vezes, segundo Arora, com os consumidores desembolsando cerca de US$ 100 milhões (R$ 515 milhões) por seus produtos. Embora a jornada não tenha sido tranquila o tempo todo, eles enfrentaram obstáculos e permaneceram fiéis ao desejo de ter uma empresa de jardinagem que consideravam ecologicamente correta.
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A dupla começou com kits de cultivo de cogumelos (feitos com borras de café coletadas em cafeterias próximas ao campus da UC Berkeley). Quando o primeiro lote brotou, Arora se lembra de ter caminhado com um balde de cogumelos-ostra da fazenda à mesa, até o famoso Chez Panisse, restaurante próximo à universidade. Em seguida, os cogumelos foram oferecidos ao comprador local da Whole Foods, que ficou intrigado com a oferta exclusiva de Arora e Velez. Isso resultou numa parceria de sucesso. A partir daí, os dois desistiram de empregos lucrativos que teriam após a faculdade, para lançar Back to the Roots.
Atualmente, a lista de produtos é muito mais abrangente: solos sem turfa, sementes orgânicas, embalagens feitas de materiais reciclados e vegetais orgânicos. “Continuamos com a nossa missão de tornar os produtos orgânicos tão populares e acessíveis quanto possível”, diz Arora, co-fundador e co-CEO da marca.
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Uma das principais etapas para tornar um produto acessível é entrar em grandes varejistas onde há um grande público em busca de equipamentos de jardinagem. “É por isso que estamos construindo a alternativa orgânica para os compradores do Walmart em solos, sementes e kits internos. E é competitivo em preço.”
Durante a pandemia, o ressurgimento do interesse pela jardinagem ajudou empresas como a Back to the Roots. À medida que mais pessoas passavam tempo em casa, elas adquiriam hobbies para mantê-las ocupadas. E à medida que a geração mais jovem descobriu as vantagens da jardinagem, procurou produtos que se adequassem ao seu espírito: nomeadamente, opções orgânicas e mais “amigas do planeta”.
Nos últimos anos, Back to the Roots tem visto crescer o interesse pela sua linha orgânica. O Walmart, por exemplo, colocou os produtos em mais de 3 mil lojas. E foi além disso. Eles colocam displays ao lado dos produtos, na esperança de educar os consumidores sobre a agricultura orgânica e regenerativa, juntamente com a saúde do solo.
Esses são tópicos nos quais Ben Peterson, comerciante de jardinagem do Walmart, se aprofundou. Ele, por exemplo, colocou nas prateleiras potes de barro autoirrigáveis, que os clientes do Walmart adoraram, diz ele, apresentando-lhes uma tecnologia mais ecológica, embora antiga, que utiliza materiais biodegradáveis. “Às vezes descobrimos que nossos consumidores estão à frente das tendências e, em outros casos, podemos colocar nas prateleiras produtos que ajudam a atingir as metas ambientais.”
O Walmart começou a vender produtos orgânicos no início dos anos 2000 e vem aumentando a oferta de forma consistente ao longo dos anos. “Reconhecemos que converter uma fazenda em orgânica é um processo que leva vários anos”, diz Peterson. “Conversamos com os produtores o tempo todo e perguntamos a eles: como podemos ajudá-los na transição para essa fase? Como podemos ajudá-lo a utilizar essa terra até se tornar orgânica?”
É por isso que as sementes orgânicas da Back to the Roots, 95% cultivadas em fazendas orgânicas americanas, atraíram Peterson. “Isso tem valor. E eu sei que não é fácil de fazer. Mas queremos contar essa história e esperamos que inspire mais pessoas – clientes e produtores.”
Embora Back to the Roots esteja em tantos varejistas hoje, o sucesso não veio imediatamente e nem foi fácil. Arora e Velez não cansaram de oferecer seus produtos às lojas, ano após ano, mesmo depois de escutarem muitos nãos. “Nós apenas continuamos no jogo.”
Para entrar no Walmart, por exemplo, eles demoraram quatro anos. Agora, segundo Arora, eles são a marca orgânica que mais cresce na loja.
Além de promover produtos orgânicos, a Back to the Roots está atenta às embalagens. Terra, normalmente, é vendida em sacos plásticos gigantes. Embora a empresa não pudesse se desviar muito desse estilo de embalagem, eles decidiram incorporar plástico reciclado pós-consumo. Isso também é uma vitória para o Walmart, pois ajuda-o a atingir as metas ambientais delineadas no seu Projeto Gigaton, através do qual a empresa aspira reduzir ou evitar 1 bilhão de toneladas de gases com efeito de estufa (GEEs) na sua cadeia de valor global até 2030.
A Back to the Roots também trabalhou com a ProAmpac, uma fabricante de embalagens flexíveis, com sede em Cincinnati, para produzir suas sacolas com plástico PCR (reciclado pós-consumo, na sigla em inglês). O material “tem o mesmo desempenho do filme à base de resina virgem”, afirma Gary Koellhoffer, gerente de produto da ProAmpac.
“A adoção de conteúdo PCR avançado pela Back to the Roots na indústria de gramados e jardins é inspiradora. Este lançamento define a tendência, levando mais marcas em toda a indústria a adotar o PCR e trabalhar em prol de uma maior sustentabilidade nas embalagens”, acrescenta Koellhoffer.
*Esha Chhabra é colaboradora da Forbes EUA. Também escreve sobre negócios de impacto para o San Francisco Chronicle, New York Times, Atlantic, Economist e The Guardian.