O produtor Ronei Gaviraghi, dono da fazenda São Manuel, de 400 hectares, em Mangueirinha (PR), colheu 270 sacas de milho em cada um dos 325 hectares que plantou da cultura no último verão. É um volume 2,8 vezes maior do que a média nacional, de 95 sacas por hectare, segundo a Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). Tanto que o agricultor venceu o Getap (Grupo Tático de Aumento de Produtividade), cujo resultado foi anunciado nesta quarta-feira (19), concurso de produtividade realizado desde 2021 pela consultoria Céleres, com sede em São Paulo (SP), e que teve 162 inscritos, dos quais 48 aprovados e seis campeões.
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O nível de produtividade obtido pelo agricultor paranaense ficou aquém do recorde do concurso anual, pois na safra passada (2022/23) um competidor atingiu 330 sacas por hectare, de acordo com a organização do certame. Mas é um feito, pelas condições climáticas da safra. Gaviraghi utilizou o híbrido AS 1757 PRO4 fornecido pela Bayer, de alta produtividade, e realizou 11 aplicações de defensivos agrícolas e seis de fertilizantes na produção, entre novembro de 2023 e fevereiro. “A região tem uma grande potencialidade para o milho”, disse Gaviragh “Isso vem para coroar o nosso trabalho.”
A colheita da 1ª safra milho já foi realizada em 88,1% da área plantada no país, de 3,9 milhões de hectares, 3,8% maior que na safra 2023/24. No total, devem ser colhidos 117,6 milhões de toneladas, 10,9% abaixo da última temporada, algo que reflete justamente uma piora no rendimento dos milharais. Porém, os produtores que venceram o Getap estão na tendência contrária – o concurso abrange 90% da área plantada total e é liderado por agricultores exemplares, com três vencedores na categoria de sequeiro e três em irrigado.
“Há um gap maior no potencial de produtividade esse ano, mas o Rio Grande do Sul e o Paraná ainda puxam a média nacional”, afirma Gustavo Capanema, o coordenador técnico da Céleres. “O grande potencial de aumento de produção é com a melhoria da eficiência no uso da terra.” Em segundo e terceiro lugares, na mesma categoria, ficaram os paranaenses Nilson de Paula, de Ipiranga (PR), com 256,3 sacas por hectare, e Egon Mila, de Condói (PR), com 253 sacas por hectare.
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Anderson Galvão, diretor da Céleres, destaca que na safra 2024/25 o plantio do milho deve ser impulsionado pela recuperação de parte da rentabilidade que a cultura perdeu desde a pandemia. “A produção de milho já se encontra em uma boa margem de lucro para o agricultor”, diz ele. “A rentabilidade aumentará, de tal forma que esse contexto exige do produtor rural foco total em termos de eficiência e produtividade, que são os fatores que permitiram que o agricultor do começo de 2010 até o período pré-pandêmico crescesse.”
Produção de etanol
À Forbes, Galvão explicou que o etanol de milho tende a ser uma vitrine para o aumento da atividade produtiva nos próximos anos, adicionando uma demanda de dois milhões de toneladas à produção da matéria-prima na próxima safra. Atualmente, a demanda estimada das usinas por milho para produzir etanol é de 12,8 milhões de toneladas, segundo o Itaú BBA.
“Cinco anos à frente, é muito provável que atinjam um patamar entre 25 e 27 milhões de toneladas”, disse o especialista. “A dinâmica do mercado é bastante relevante como, por exemplo, no Mapito (Maranhão, Piauí e Tocantins), onde a chegada do cereal já começa a sinalizar para o agricultor que ele pode investir em tecnologia que a indústria garantirá a demanda para a produção de etanol.”