A Suzano deu nesta quarta-feira um primeiro passo importante para a internacionalização com a compra de uma participação minoritária na fabricante de fibras têxteis produzidas a partir de madeira Lenzing, um negócio de 230 milhões de euros que pode resultar na obtenção do controle da companhia austríaca pela brasileira até o final de 2028.
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O negócio vai ser financiado com recursos próprios da Suzano, afirmou o diretor financeiro da companhia, Marcelo Bacci, citando “grande oportunidade” para o investimento da Suzano no setor têxtil em um momento de volta do crescimento da demanda no pós-pandemia e movimento de substituição de fontes fósseis usadas atualmente.
“Claramente temos uma oportunidade na esteira de produtos mais sustentáveis, ao longo dos anos, de que o mercado de fibras de origem florestal possa tomar parte do mercado de fibra fóssil”, disse Bacci.
O executivo citou que o mercado têxtil movimenta por ano 120 milhões de toneladas por ano e que hoje é dominado pelo poliéster, uma fibra sintética derivada do petróleo. “O algodão tem um crescimento limitado e produtos com base em celulose (como os da Lezing) são 6% desse setor”, disse o executivo, citando um mercado de 7 milhões de toneladas por ano.
A Lenzing, enquanto isso, tem uma capacidade global de 1 milhão de toneladas de fibras têxteis (liocel, modal e viscose) por ano. E além da Europa a empresa tem instalações em países como Estados Unidos, Indonésia e Brasil.
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No Brasil, a Lenzing mantém uma joint-venture com a Dexco na produção de celulose solúvel, matéria-prima que alimenta parte de suas operações têxteis.
Segundo Bacci, a compra da participação pela Suzano não altera os termos da joint-venture da Lenzing com a Dexco, chamada de LD Celulose e que entrou em operação em 2022. “Uma coisa não interfere na outra”, disse o executivo.
Atualmente, a Suzano não produz celulose solúvel, mas no futuro a empresa poderá ser fornecedora da Lenzing, afirmou Bacci. “Não existe desafio tecnológico para produzirmos”, disse o executivo, citando que atualmente a companhia austríaca é autossuficiente em celulose solúvel graças em parte à parceria com a Dexco, que tem capacidade para 500 mil toneladas por ano.
Internacionalização
O anúncio do negócio com a Lenzing ocorre em meio a discussões da Suzano para comprar a gigante global de embalagens de papelão International Paper. Bacci não comentou o assunto além de afirmar que a transação com a Lenzing é de tamanho pequeno para o porte da Suzano e não impede a companhia de “olhar outras coisas, outros caminhos de crescimento orgânico e inorgânico”.
No final de maio, a Reuters publicou que a Suzano estaria negociando com seus assessores financeiros a possibilidade de melhorar sua oferta de 15 bilhões de dólares pela IP.
Bacci afirmou que, mais do que acelerar a internacionalização da Suzano, a compra dos 15% na Lenzing – que pode ser seguida por mais 15% até o final de 2018 por meio de uma opção de compra – o negócio representa “uma forma interessante de entrar no têxtil”.
A Suzano olha para o mercado têxtil há anos. Antes do investimento na Lenzing, a companhia brasileira fez uma joint-venture com a finlandesa Spinnova que gerou uma fábrica piloto que entrou em operação no ano passado.
A Spinnova desenvolveu uma tecnologia para produção de fibras têxteis a partir de uma material chamado de nanocelulose que afirma não precisar de produtos químicos e lembra a forma como algodão doce é feito.
“Ainda está em fase pré-operacional, é um nicho pequeno que temos uma crença de longo prazo”, disse Bacci sobre a Spinnova. “A Spinnova pode ser um ótimo complemento para a Lenzing, acrescentou.
“O objetivo da Suzano com a aquisição de participação minoritária na Lenzing…é buscar conhecer profundamente, aprender e acompanhar o negócio da Lenzing antes de decidir pela aquisição do controle da companhia”, afirmou a Suzano em fato relevante mais cedo.
Com a aquisição, a Suzano terá duas cadeiras no conselho de administração da Lenzing. Se exercer a opção de compra de 15% adicionais na Lenzing a Suzano poderá alterar o controle da empresa, afirmou a companhia brasileira.
Segundo a Suzano, as fibras da Lenzing são utilizadas em várias aplicações, incluindo roupas, têxteis para o lar, produtos de higiene e materiais não tecidos.