A gripe aviária, surto que vem se espalhando entre animais, acendeu um alerta na rede australiana do McDonald´s, um símbolo da globalização alimentar. A rede está fazendo seus clientes do café da manhã acordarem mais cedo, por encurtar em 90 minutos o período de serviço, encerrando os trabalhos às 10h30 horas, em vez de meio-dia.
A causa? Estão faltando ovos, justamente por causa da gripe aviária no país. A gigante do fast food possui 1.043 lojas em 858 localidades australianas, espalhadas por 8 estados.
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“Como muitos varejistas, estamos gerenciando cuidadosamente o fornecimento de ovos por causa dos atuais desafios da indústria”, afirmou o McDonald’s Austrália, em comunicado enviado à BBC.
“Continuamos a trabalhar em estreita colaboração com a nossa rede de agricultores, produtores e fornecedores australianos, à medida que a indústria se une para gerir este desafio.”
E vem pela frente mais um desafio. A primavera na Austrália começa em 1 de setembro. Atualmente, as autoridades sanitárias tentam brecar o alastramento de uma cepa mortal, a H7 da gripe aviária, que afeta galinhas e ovos em todo o país.
O que os pesquisadores e ecologistas alertam agora é que a possível entrada da cepa da gripe aviária H5N1, que já causou mortes em massa na vida selvagem em todos os outros continentes, está a caminho. Isso porque nesta época de primavera ocorre uma migração natural de aves para a Austrália.
Desde fevereiro, a ecologista Meagan Dewar, da Federation University, monitora a propagação do H5N1 em toda a Antártica, registrando a morte de muitas espécies, entre elas pinguins Adélie e elefantes marinhos do sul. Meaga é especialista em interações hospedeiro-microbioma e patógenos da vida selvagem Antártica e Subantártica.
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“Infelizmente, a nossa vida selvagem está integrada e interligada, por isso [os ecossistemas remotos] não são tão seguros como pensamos”, disse ela à rede ABC News. “O vírus está se aproximando e está à nossa porta.”
Nos últimos dois meses, várias cepas de gripe aviária foram detectadas em 11 instalações avícolas em todo o sudeste da Austrália. Por ora, as autoridades sanitárias dizem que a situação está sob controle.
“Os consumidores podem esperar ver algumas prateleiras vazias no curto prazo, no entanto, os fornecimentos estão a ser redirecionados para áreas com escassez. Os consumidores devem evitar comprar mais ovos do que o necessário”, informou o governo local em um comunicado.
A gripe aviária infectou, até agora, cerca de 10% das galinhas poedeiras da Austrália, mas algumas empresas impuseram limites à quantidade de ovos que as pessoas podem comprar. Os surtos já levaram ao abate de cerca de 1,5 milhão de galinhas no país. Até agora, nenhuma das cepas detectadas foi a variante H5N1 da gripe aviária. O vírus H5N1 já está em circulação em quase todo o mundo, afetando não somente aves silvestres e domésticas, mas expandindo a contaminação para outras espécies. (Com BBC e ABC News)