Os pedidos de recuperação judicial por produtores rurais brasileiros que atuam como pessoa jurídica somaram 76 no primeiro trimestre deste ano. Trata-se do maior número de registros para o período em uma série histórica, de acordo com dados da Serasa Experian antecipados à Reuters.
O total representa mais que o dobro do visto na mesma época de 2023, segundo a Serasa. Ainda assim, a instituição ponderou que o número de produtores é pequeno perto do total do país.
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Em meio a uma quebra das safras de grãos no Brasil em 2023/24 e preços mais baixos de commodities como soja, produtores brasileiros continuam realizando mais pedidos de recuperação judicial. Vale lembrar que houve um salto nas solicitações em 2023.
No ano passado, o mercado já sofreu com cotações mais baixas da soja (principal cultivo do país), após um recuo visto na bolsa de Chicago ante as máximas históricas registradas em meados de 2022.
Para 2024, porém, a Serasa não especificou a razão para o aumento dos pedidos de RJ.
“Quando comparado ao número absoluto de transações de crédito, uma variação de 33 para 76 é uma flutuação muito pequena. O fator de aumento pode ter sido uma consequência do movimento iniciado no ano passado pela busca de RJs”, afirmou o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta.
Perfil da RJ
A abertura do dado mostra que os pedidos de RJ no primeiro trimestre partiram menos dos pequenos produtores, que marcaram apenas cinco requisições. Em seguida estão os médios, com nove solicitações, e os grandes, com 17.
Já os chamados produtores considerados arrendatários de terras e grupos econômicos ou familiares relacionados ao setor lideraram. Ao todo, esse grupo realizou 45 requisições.
Ainda na avaliação do primeiro trimestre deste ano, os produtores rurais PJ que atuam nos segmentos de soja e de pecuária bovina foram os que mais demandaram por recuperação judicial, com 45 e 15 solicitações, respectivamente. Os produtores de café somaram quatro pedidos, enquanto dois foram do setor de cana-de-açúcar.
Além disso, o Centro-Oeste, principal região agrícola do Brasil, concentrou a procura dos produtores PJ por recuperações judiciais. O Estado do Mato Grosso liderou, registrando 26 demandantes, seguido por Goiás, com 14.
Má intenção
No começo deste ano, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) havia manifestado preocupação com o crescimento do número de pedidos de recuperação judicial. A associação disse ter recebido informações de que o procedimento estaria sendo utilizado de forma “indiscriminada” e muitas vezes “mal-intencionada”, como meio de renegociação de dívidas e contratos.
No primeiro trimestre de 2022, após um período de forte alta dos preços na bolsa de Chicago, referência internacional, a Serasa registrou apenas 15 pedidos de recuperação judicial de produtores rurais pessoa jurídica.
“O número de pedidos é pequeno, e a maior parte dos produtores rurais segue operando normalmente. De todo modo, precisamos continuar incentivando a renegociação de dívidas ou soluções como o Fiagro Reorg, que são formas mais amigáveis de retomar a estabilidade financeira”, acrescentou Pimenta, da Serasa.
A Serasa, líder em análise de riscos e oportunidades, lembrou ainda, em nota, que possui solução que entrega avaliações específicas para o setor e que prevê o risco de inadimplência dos produtores rurais.
Segundo a empresa, é possível com o uso de modelos preditivos identificar perfis propensos à recuperação judicial, algo fundamental para o credor poder mitigar riscos na hora da concessão de crédito.
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