Talvez você já tenha ouvido falar sobre a importância da agricultura irrigada no Brasil, especialmente em Minas Gerais, que se destaca como pioneiro da técnica e um dos principais polos de produção irrigada no país. Mas, o que você talvez ainda não saiba, é que a sustentabilidade, preservação e inovação andam de mãos dadas com a produtividade e são responsáveis pelo desenvolvimento do Noroeste de Minas, uma região que já foi esquecida e improdutiva.
Minas Gerais concentra a maior área irrigada por pivôs centrais do Brasil, com cerca de 500 mil hectares, representando um terço de toda a área irrigada no país. Nessa região, Paracatu se destaca com a maior área irrigada do país, com mais de 81.630,2 hectares, seguido por Unaí, com 77.389,0 hectares. Isso faz do Noroeste de Minas um verdadeiro modelo de eficiência agrícola e ambiental.
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A agricultura irrigada é uma peça-chave para o aumento da produtividade no Brasil. Quando bem manejada, ela não apenas garante safras mais robustas, mas também aumenta a fauna e minimiza os impactos dos extremos climáticos, um ponto crítico em tempos de mudanças climáticas.
Atualmente, menos de 20% das áreas cultivadas no Brasil são irrigadas, mas essas áreas produzem mais de 40% dos alimentos, fibras e biocombustíveis. Esses números evidenciam a contribuição decisiva da irrigação para a segurança alimentar do país e do mundo e para o aumento da produção e do PIB nacional sem desmatamento, utilizando apenas áreas abertas ou degradadas.
Os sistemas de irrigação por pivôs centrais, predominantes no Noroeste de Minas, superaram outras formas tradicionais de irrigação, como o método de inundação utilizado para o arroz no Sul do país. A vantagem desse sistema não se limita à eficiência hídrica, mas também à possibilidade de plantio de diferentes culturas, produção fora de época e colheitas durante todo o ano, contribuindo para reduzir a pressão pela expansão da fronteira agrícola.
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Além disso, ao analisar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das regiões onde se cultiva cana-de-açúcar, milho e soja, foi observado um crescimento de até 73% nas últimas décadas, comparado a 57% em regiões não agrícolas. Em outras palavras, nas áreas onde o agronegócio é forte, toda a sociedade ganha.
Áreas como Paracatu, que lidera a irrigação por pivôs centrais no Brasil, demonstram que é possível aliar produtividade com preservação ambiental e responsabilidade social. Mesmo sendo uma cidade centenária com a maior mina de ouro a céu aberto do Brasil, foi a chegada da agricultura que melhorou o IDH e a qualidade de vida para a população.
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A expansão da irrigação no Noroeste de Minas, liderada por municípios como Paracatu e Unaí, é um exemplo claro de que a agricultura brasileira está se adaptando às exigências do mercado global, sem perder de vista a necessidade de conservar o meio ambiente.
Ao investir em tecnologia, gestão e inovação, a região está não só produzindo mais em menos hectares, como também garantindo que essa produção seja sustentável e respeitosa com as áreas de preservação, reduzindo a dependência do clima e contribuindo para a conservação dos recursos naturais, garantindo, portanto, a sustentabilidade das futuras gerações.
* Deborah Novais Cordeiro é produtora rural com fazendas em Paracatu, Unaí e João Pinheiro (MG), em uma sociedade familiar, onde produz soja, milho e feijão, comercializados no Brasil e exterior, além de girassol, trigo, arroz e carinata. Uma das bandeiras defendidas por ela é o uso racional da água como um insumo globalmente estratégico.
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