O transporte de grãos pela hidrovia do Tapajós, importante ligação da região central do país com o norte, foi suspenso por conta da seca que reduziu o nível do rio, informou a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport).
Segundo a Amport, a navegação dos comboios de barcaças com grãos foi interrompida na última sexta-feira. Numa situação normal, o produto tem como destino os portos do Rio Amazonas, de onde segue para exportação em navios graneleiros. “As empresas aguardam que o rio suba pelo menos 20 cm para navegar com segurança”, afirmou a Amport, à Reuters.
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“A expectativa é a de que a navegação seja retomada no mês de novembro, se materializada as previsões de chuva”, acrescentou. A hidrovia liga um terminal fluvial de Itaituba (PA), que capta cargas de Mato Grosso e das proximidades, até os portos amazônicos.
A suspensão das atividades no transporte de grãos pelo Tapajós vem após o setor ter visto a paralisação da hidrovia do Madeira, também por conta da seca, em setembro. Por esse corredor são transportadas cargas com origem em Rondônia e Mato Grosso.
Ao final de setembro, as empresas que atuam no Tapajós tinham reduzido os volumes transportados em cerca de 40%, informou anteriormente a Amport, que reúne companhias como a Cargill, Louis Dreyfus Company, Hidrovias do Brasil e Unitapajós.
A Cargill, cuja estação de transbordo na margem direita do Tapajós tem capacidade de movimentação de 4 milhões de toneladas de soja e milho por ano, afirmou que não comentaria o assunto.
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reiterou posicionamento de que os volumes exportados pelo país não serão impactados pelo baixo nível do rio.
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“Em períodos de seca, é comum que os alertas para o possível perigo de transporte por hidrovias aumente. Como forma de se precaver dessas situações, as traders atuam com cautela e se programam com antecedência, direcionando parte de suas cargas para os portos do Sul. Assim, não há impacto nas exportações”, afirmou o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, em nota.
De acordo com a Anec, a estação de transbordo de Miritituba, situada em Itaituba, movimentou aproximadamente 15 milhões de toneladas de grãos em 2023. As barcaças que saem de lá levam as cargas até os terminais exportadores de Santarém e Barcarena, ambos no Pará, e Santana (AP).
O milho dominou as movimentações em Miritituba no ano passado, com cerca de 7,5 milhões de toneladas, seguido pela soja (6,8 milhões de toneladas), segundo dados oficiais citados pela Amport. O terminal também escoou derivados de petróleo e fertilizantes.
Em uma declaração anterior sobre a redução das cargas pelo Tapajós em setembro e a paralisação do transporte pelo Madeira, a Anec havia feito comentário nesta direção, acrescentando que há maiores custos logístico ao mudar a exportação de grãos dos portos do Norte para os do Sul/Sudeste.
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O problema gerado pela seca acontece em momento em que o Brasil já embarcou a maior parte da soja prevista para exportação em 2024.
A Anec projeta embarques totais da oleaginosa neste ano de 99 milhões de toneladas –até setembro, a exportação havia somado 89,1 milhões de toneladas. No caso do milho, o país tinha exportado até o mês passado 23,5 milhões de toneladas, de 41 milhões previstos para 2024.
A Hidrovias do Brasil, líder na movimentação de cargas pelo corredor do Tapajós até Barcarena, com capacidade de movimentar mais de 7 milhões de toneladas por ano, não comentou o assunto, assim como a Amaggi e a Bunge, que também atuam na região.