No tradicional leilão de Ano Novo, realizado em Tóquio no último domingo (5), um atum azul – também chamado de atum-rabilho ou bluefin tuna – alcançou o impressionante preço de 207 milhões de ienes (cerca de US$ 1,3 milhão ou R$ 7,98 milhões). O Japão é o maior mercado consumidor de atum azul, onde ele é um símbolo de luxo e tradição, considerado uma iguaria e uma vitrine de alto valor cultural e gastronômico de luxo no país.
Restaurantes renomados e consumidores de alto poder aquisitivo estão dispostos a pagar preços exorbitantes por exemplares de qualidade excepcional. O atum do leilão desta semana foi comprado pelo Onodera Group, um renomado restaurante de sushi com reconhecimento no guia Michelin.
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“O primeiro atum do ano está associado à boa sorte. Desejamos que aqueles que o saborearem tenham um ano maravilhoso”, disse Shinji Nagao, gerente geral da Onodera Food Service, após o leilão. O leilão que acontece nos primeiros dias de janeiro e é um marco que simboliza proseridade e boa sorte para o ano que se inicia. Ele atrai grande atenção da mídia e se tornou um evento emblemático da cultura japonesa. Em 2024, o Onodera Food Service havia investido 114 milhões de ienes (R$ 4,4 milhões) em um exemplar semelhante, quase metade do valor pago desta vez.
No leilão de Ano Novo, a compra de um atum azul premium também é uma forma de marketing para restaurantes, que utilizam a aquisição para atrair clientes e fortalecer sua reputação. O evento anual ocorre no mercado de peixes Toyosu, um dos maiores mercados de peixe do mundo, substituindo o antigo mercado de Tsukiji.
Os atuns vendidos no leilão são geralmente capturados nas águas frias do norte do Japão, como em Oma, na província de Aomori, conhecida por produzir atuns de altíssima qualidade. O peixe deste ano pesava 276 quilos.
Restaurantes renomados e compradores fazem ofertas para adquirir os melhores exemplares de atum azul. A competição entre os participantes frequentemente eleva os preços a níveis astronômicos. Locais famosos, como o Sushi Zanmai, e empresários conhecidos, como Kiyoshi Kimura (apelidado de “rei do atum”), frequentemente protagonizam esses leilões, competindo por exemplares de prestígio.
O Japão consome cerca de 80% do atum azul capturado no mundo. A carne do atum azul é considerada uma das mais finas do mundo, especialmente o otoro, a parte mais gordurosa do ventre, que é rica em sabor e maciez. A textura única e o sabor suave, com um equilíbrio perfeito entre gordura e carne magra, tornam o atum azul uma iguaria incomparável para sushi e sashimi.
O recorde continua sendo a venda de um atum azul por 333,6 milhões de ienes (cerca de US$ 2,8 milhões) em 2019. Naquela ocasião, o comprador foi Kiyoshi Kimura, conhecido como o “rei do atum”, proprietário da rede Sushi Zanmai e figura de destaque no emblemático evento japonês.
O atum azul é extremamente valorizado por fatores como raridade, qualidade, demanda, e simbolismo cultural. Por exemplo, ele é uma espécie de crescimento lento e reprodução tardia, o que a torna vulnerável à sobrepesca e que já o levou para a lista de espécies ameaçadas. Em 2021, ele saiu da lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) graças aos países que impõem cotas de pesca mais sustentáveis e combatem com sucesso a pesca ilegal.
Por exemplo, as regulamentações internacionais limitaram as cotas de captura para proteger a espécie, reduzindo a oferta e, consequentemente, aumentando os preços. A pesca artesanal, com métodos que garantem o frescor e a preservação da carne, também aumenta o custo.
Estima-se que, globalmente, sejam capturadas cerca de 60 mil toneladas de atum azul por ano. Mas há analistas que consideram esse volume subestimado. Por exemplo, no Mar Mediterrâneo, a Líbia permitiu a atuação de mais de 200 embarcações de pesca, resultando na captura de aproximadamente 35 mil toneladas de atum azul, o que representa cerca de 60% de toda a captura dessa espécie na região.
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