As exportações de carne de frango e de suínos foram recorde em 2024. As duas proteínas renderam ao país US$ 12,734 bilhões, ou 50% da renda total com as vendas externas de carnes, incluindo a de bovinos. Considerando todos os produtos in natura e processados, o país embarcou 5,1 milhões de toneladas de frango por US$ 9,7 milhões (R$ 59,4 milhões na cotação atual), segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Para suínos, os números são 1,3 milhão de toneladas por US$ 2,9 milhões. Esse feito tem dois responsáveis: a qualidade da carne colocada no mercado global e a biosseguridade da proteína brasileira.
O nome pode parecer complexo, mas na prática é simples. A biosseguridade une um conjunto de medidas que visam prevenir, controlar e proteger, limitando a exposição dos animais de um sistema produtivo a agentes causadores de doenças. Com os cuidados em dia, os países podem alcançar mercados ainda mais exigentes. E é neste caminho que o Brasil se encontra.
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Para Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa o mercado de frangos e suínos, e possui cerca de 130 associados de toda a cadeia produtiva, 2025 será um ano em que a avicultura e a suinocultura devem mostrar mais competitiva em termos de biosseguridade.
“Os pontos-chave para a manutenção desse ambiente otimista está na preservação da nossa biosseguridade. Vale lembrar que a nossa produção industrial de frango nunca registrou casos de Influenza Aviária (H5N1). Isso é de grande importância para a ampliação da posição como player global”, diz Santin. Para os suínos ocorre o mesmo.
No caso das aves, ao contrário do Brasil, em março de 2024, os Estados Unidos detectaram o vírus de H5N1 pela primeira vez em rebanhos de gado leiteiro. Na Califórnia, estado que possui cerca de 645 bovinos infectados, foi declarado estado de emergência. A doença se espalhou e, em dezembro, o país registrou a primeira morte humana relacionada ao vírus no estado da Luisiana.
O Brasil tem feito um monitoramento rigoroso em suas granjas comerciais, por exemplo, do acesso de pessoas dentro dos aviários, higienização, entre outras medidas. Graças a combinação de eficiência produtiva e desse nível rigoroso de sanidade, o Brasil lidera o ranking de maior exportador de frango do mundo desde 2004 e vende a proteína para mais de 150 países, incluindo China, Japão, Arábia Saudita e países da União Europeia. Para este ano, o foco é ampliar a venda para mercados exigentes, como Japão e Estados Unidos, e conquistar novos.
“Esperamos novos mercados na América Central e em países da África, além do fortalecimento dos embarques para outras nações da América Latina e da Ásia, ampliando a diversificação de destinos para nossos produtos”, diz Santin.
No caso da Peste Suína Africana (PSA), a doença continua a representar um desafio significativo para a suinocultura global. Na China, onde ela foi detectada em 2018, a doença já dizimou cerca de 60% do plantel suíno do país, o que impactou a produção e o mercado mundial de carne suína. A carne suína é a mais consumida no mundo, representando cerca de 36% do consumo total, ou 109 milhões de toneladas anuais.
Em 2024, a PSA persistiu em diversos países da Europa e da Ásia, com surtos notificados em nações como Grécia, Suécia, Itália, Montenegro, Filipinas, Hong Kong, Albânia, Vietnã e Montenegro.
No Brasil, embora não haja registros recentes da doença, as autoridades e o setor suinícola mantêm medidas rigorosas de biossegurança para prevenir a entrada do vírus. A presença de javalis no território nacional é uma preocupação constante, e ações de monitoramento e controle desses animais são realizadas para evitar a introdução da PSA.
É importante destacar que a PSA não representa risco para a saúde humana, mas tem um impacto econômico significativo por causa das restrições comerciais impostas aos países afetados. O fato do Brasil estar livre da incidência de PSA, que é uma doença viral altamente contagiosa para porcos domésticos e selvagens e javalis, um parente selvagem do porco doméstico impacta as vendas dessa proteína.
Segundo Santin, as Filipinas se destacaram entre os principais importadores da carne suína brasileira. Em 2024, o país comprou 254,3 mil toneladas da proteína, um aumento de 101% em relação a 2023. Os motivos são a produção discreta e em crise e os casos de PSA no país. China, Chile e Japão vem logo em seguida como grandes compradores. A meta para 2025 é fortalecer a relação comercial com os mercados consolidados.
“Esperamos alcançar até 1,45 milhão de toneladas nos embarques de carne suína em 2025. Queremos nos aproximar do terceiro lugar entre os maiores exportadores”. A União Europeia é a atual maior exportadora de carne suína, seguida por Estados Unidos e Canadá.
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