A China importou uma quantidade histórica de soja em 2024, à medida que compradores preocupados com as crescentes tensões comerciais entre EUA e China correram para garantir suprimentos norte-americanos antes da posse do presidente eleito Donald Trump.
A China, maior compradora mundial de oleaginosas, importou 105,03 milhões de toneladas de soja em 2024, um aumento de 6,5% em relação ao ano anterior, de acordo com dados alfandegários divulgados nesta segunda-feira (13).
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Os volumes anuais recordes de importação foram impulsionados pela queda dos preços da soja na bolsa de Chicago em 2024, pelas fortes margens de esmagamento e pela movimentação dos compradores devido a temores com uma guerra comercial, disse Rosa Wang, analista da JCI, agroconsultoria sediada em Xangai.
Em dezembro, as chegadas caíram 0,2%, para 7,94 milhões de toneladas, em relação ao mesmo mês do ano anterior, de acordo com cálculos da Reuters a partir dos dados alfandegários.
Esse volume foi menor do que as estimativas dos analistas, de cerca de 8,2 milhões de toneladas, e marcou a menor quantidade em quatro anos.
“Isso pode ser devido à velocidade do desembaraço aduaneiro”, disse Wang.
Nos últimos meses de 2024, compradores chineses importaram remessas maiores que o normal de soja dos EUA, apesar de terem a opção mais barata da soja brasileira, para se protegerem contra uma possível guerra comercial entre Pequim e Washington sob a presidência de Trump.
Trump, que assumirá o cargo em 20 de janeiro, prometeu impor tarifas de até 60% sobre os produtos chineses, tarifas que, segundo analistas, perturbariam o comércio internacional e aumentariam os custos, podendo provocar retaliações.
Embora não esteja claro como a China responderá às tarifas sob o novo governo dos EUA, comerciantes da China disseram que se prepararam diversificando os fornecedores e aumentando os estoques.
Mesmo sem uma guerra comercial, espera-se que a ampla oferta e as margens de esmagamento fracas reduzam a demanda futura de importação de soja vinda dos EUA, disse a BMI Research em nota.
“Embora a presidência de Trump possa reacender as tensões comerciais entre os EUA e a China continental e as possíveis tarifas chinesas sobre as exportações de soja dos EUA, prevemos que o declínio esperado na demanda chinesa mitigará os impactos sobre os preços”, disse a BMI Research.
As margens de esmagamento de soja em Rizhao, principal centro de processamento da China, têm sido negativas desde novembro, e a última perda foi de 225,04 iuanes (US$ 30,69) por tonelada de soja processada.