A Califórnia é um dos principais estados produtores de alimentos nos Estados Unidos. São 10,2 milhões de hectares espalhados por vales como o Central Valley, o mais importante, região que é a responsável por mais de 25% dos alimentos produzidos no país, incluindo amêndoas, frutas cítricas, vegetais, uvas, leite e nozes.
Há, ainda, o Vale de Salinas, chamado de “Tigela de Salada da América” por ser o maior produtor de vegetais como alface, espinafre, brócolis, morangos e outras frutas e hortaliças; o Vale de Coachella, no sul do estado, com agricultura irrigada em um clima desértico e grande produção de dátils, uvas, frutas cítricas e vegetais, além de ser conhecido pelos cultivos de inverno; o Vale Imperial, dependente do sistema de irrigação do Rio Colorado e produtor de vegetais, algodão, melão, alfafa e gado; e o Vale de Pajaro, na costa central, com produção de morangos, frutas de caroço, flores e hortaliças.
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Os outros dois vales, o de Napa e o de Sonoma, são famosos no mundo por sua produção de vinhos premiados e que atraem celebridades. Sonoma ainda produz frutas e vegetais. E o Vale de San Fernando, próximo de Los Angeles que sofre com os incêndios desde o dia 7 de janeiro, completando amanhã, terça, uma semana. Historicamente, o vale era uma área agrícola importante, mas, com o crescimento urbano, a produção em larga escala diminuiu significativamente. Atualmente, o que se vê são iniciativas de iniciativas de agricultura urbana e hortas comunitárias.
A Califórnia conta com cerca de 77 mil propriedades com área média de cultivo e exploração da ordem de 130 hectares.Mas muitas dessas áreas estão localizadas em regiões suscetíveis a incêndios florestais, especialmente por causa do clima seco e das condições ambientais que favorecem a propagação do fogo. Incêndios florestais têm impactos na produção agrícola porque eles podem afetar a qualidade do solo e interromper as cadeias de suprimento. Além disso, a fumaça resultante dos incêndios pode prejudicar a saúde das plantas e reduzir a produtividade.
Nos últimos anos, o setor agrícola da Califórnia tem sido impactado por incêndios florestais. Confira cinco incêndios que acarretaram grandes perdas:
Incêndio Thomas (dezembro de 2017 – janeiro de 2018)
O Incêndio Thomas queimou cerca de 114 mil hectares nos condados de Ventura e Santa Bárbara, tornando-se um dos maiores incêndios florestais da história da Califórnia na época. Ele causou evacuações em massa da população e destruiu mais de 1.000 estruturas.
Na época, o jornal Ventura County Star informou que a agroindústria local sofreu um prejuízo da ordem de US$ 170 milhões (R$ 1,040 bilhão na cotação atual). O fogo se deu justamente pela proximidade das terras agrícolas com áreas de florestas cobertas por arbustos.
Incêndio Camp (novembro de 2018)
O Incêndio Camp foi o mais mortal e destrutivo da história da Califórnia. Embora tenha sido, principalmente, uma tragédia residencial, o incêndio também afetou operações agrícolas nas áreas ao redor, particularmente ranchos e terras de pastagem. Ele destruiu a cidade de Paradise, causando 85 mortes e queimou 62 mil hectares nas propriedades rurais.
Incêndios de 2020 (agosto – outubro de 2020)
A temporada de incêndios de 2020 incluiu mais de 9.900 focos em todo o estado, queimando cerca de 1,6 milhão de hectares. Eventos importantes incluíram o Incêndio do Complexo de Agosto, que até aquela data foi registrado como o maior incêndio único da história da Califórnia.
Houve danos em vinhedos, pomares de nozes, pastagens e outros sistemas agrícolas. A fumaça densa e as cinzas dos incêndios afetaram a qualidade das uvas para a produção de vinho.
Incêndios de 2021 (julho – outubro de 2021)
Incêndios como o Dixie, que então se tornou o maior incêndio de fonte única da história da Califórnia – queimando mais de 400 mil hectares – e o Caldor devastaram o norte e o centro do estado.
Terras florestais foram fortemente impactadas, áreas de pastagem para gado foram destruídas e houve contaminação da água por causa do escoamento dos resíduos dos incêndios, que afetaram as áreas de irrigação. As vastas áreas queimadas afetaram a indústria florestal de madeira e terras de pastagem essenciais para o gado.
Incêndios de 2024 (junho – outubro de 2024)
Os incêndios de 2024 foram impulsionados por uma seca prolongada e calor extremo, com danos significativos às zonas agrícolas no centro e norte da Califórnia. A produção de nozes, particularmente amêndoas e nozes-pecã, foi gravemente afetada. A exposição prolongada à fumaça prejudicou a saúde dos pomares, reduzindo a produtividade.