As importações chinesas de soja vinda dos Estados Unidos caíram 5,7% em 2024 em relação ao ano anterior e foram substituídas por embarques brasileiros e argentinos, com temores de uma nova guerra comercial entre China e Estados Unidos reduzindo ainda mais a participação de mercado dos EUA para menos de um quarto.
A China importou um recorde de 105,03 milhões de toneladas de oleaginosas em 2024 antes da posse do presidente Donald Trump, cujas ameaças de tarifas de 60% sobre todos os produtos chineses geraram preocupações sobre interrupções no comércio agrícola.
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Os embarques totais dos EUA caíram para 22,13 milhões de toneladas, enquanto as chegadas do Brasil aumentaram 6,7%, para 74,65 milhões de toneladas, de acordo com dados da Administração Geral de Alfândega da China divulgados nesta segunda-feira.
Os embarques dos EUA para a China, no entanto, aumentaram desde abril e se aceleraram nos últimos meses, à medida que os comerciantes se preparam para uma possível interrupção do comércio de soja entre os dois países.
Em dezembro, as chegadas de soja dos EUA foram 10,6% maiores do que no ano anterior, com 4,25 milhões de toneladas, enquanto as importações do Brasil caíram 41,1%, para 2,94 milhões de toneladas.
Mas processadores de soja chineses garantiram quase todas as suas cargas no Brasil, com preços competitivos, para embarque no primeiro trimestre, em vez das oleaginosas dos EUA, em meio a temores de que Trump imponha tarifas de importação.
“Há uma expectativa de mudanças no padrão de comércio global de soja, o que pode afetar a quantidade de soja dos EUA comprada pela China em 2025 até certo ponto”, disse Liu Jinlu, pesquisador agrícola da Guoyuan Futures.
O Brasil continuou sendo o principal fornecedor de soja da China em 2024, à medida que Pequim ampliou esforços para reduzir sua dependência dos EUA e aprofundar a cooperação com os países do “Cinturão e Rota” para garantir a segurança alimentar.
A participação do Brasil no mercado de soja aumentou para 71%, enquanto a participação dos EUA diminuiu para 21%, de acordo com cálculos da Reuters com base nos dados.
As importações de soja da Argentina mais do que dobraram, passando de 1,95 milhão de toneladas em 2023 para 4,1 milhões de toneladas em 2024.
Os grandes volumes de importação no ano passado significam que as importações de soja da China no primeiro trimestre devem cair para 17,3-18,0 milhões de toneladas, de 18,58 milhões de toneladas há um ano, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
As margens fracas de esmagamento na China e os amplos níveis de estoques sugerem que os processadores provavelmente serão mais cautelosos na compra de soja, já que a menor rentabilidade das operações de esmagamento impede uma compra agressiva, disse Matthew Biggin, analista de Commodities da BMI.