O Paraguai embarcou pela primeira vez, no final de janeiro, uma carga de limão taiti com destino à Argentina, marcando um antes e um depois para produtores e exportadores. A carga foi de 26 toneladas, posicionando-se como um produto emergente que continuará diversificando a carteira exportadora do país vizinho.
O engenheiro agrônomo Christian Elías, diretor da Frutibras, empresa responsável por esse primeiro envio, reforça que o momento representa de fato esse marco. De acordo com o executivo, a Frutibras nasceu como uma empresa importadora, mas hoje está se tornando uma exportadora, impulsionada pela produção local.
Leia também
“É uma conquista para a empresa, para o produtor e para o país”, disse ele, junto com a também engenheira agrônoma Beatriz Ibáñez, que participou da operação. “Estamos saindo da linha tradicional. Se antes usávamos a frase ‘seus laranjais e suas flores que ficaram na memória’, agora estamos voltando para isso. Essa é a nossa intenção.”
A Frutibras é uma empresa de origem brasileira que atua no setor agrícola no Paraguai. Ela foi criada na década de 1990 pelo engenheiro agrônomo paranaense José Marcos Sarabia. Naquela época, Sarabia tinha 29 anos e viu uma oportunidade de negócio no país vizinho. Em 1993, junto com o irmão Paulo Sérgio, fundou a Agrofertil, destinada à distribuição de insumos agrícolas, como fertilizantes, defensivos e sementes. Também está na direção do grupo Antonio Ivar Sarabia. Hoje, ela também trabalha como trading para soja, milho, trigo e arroz, com 27 escritórios no país, mais a sede em Ciudad del Este.
Elías destacou que o envio desse produto ao mercado argentino foi o resultado de anos de trabalho para melhorar a qualidade, em sintonia com o nível de exigência que o Paraguai passou a ter como país produtor. Ele ressaltou que o trabalho também envolveu os produtores, incentivando e ensinando melhores práticas de cultivo, além do acompanhamento do Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (Senave) na abertura desse novo mercado.
Indicou que, embora a qualidade seja um dos fatores mais importantes para conquistar novos destinos para a produção nacional, a conjuntura do mercado – com baixa oferta e alta demanda no país vizinho – também contribuiu para a concretização desse importante envio.
“As portas se abriram graças ao produtor, às empresas e a todas as autoridades que acompanharam desde o nascimento da ideia, ou seja, quando nós, junto com os produtores, propusemos a possibilidade de exportar”, acrescentou.
A produção de limão no Paraguai é modesta, em comparação com grandes produtores mundiais, mas há um movimento crescente para expandir a produção e a exportação dessa fruta. O país produz cerca de 10 mil toneladas de limões, por safra. Para comparação, o Brasil produz 1,6 milhão de toneladas, mas exporta uma quantidade bem pequena, da ordem de 160 mil toneladas.
No caso da exportação paraguaia, Elías diz que, uma vez iniciadas as negociações de exportação, todos os requisitos fitossanitários foram cumpridos, incluindo certificações da colheita, embalagens, rotulagem e demais exigências necessárias para comercializar um produto com um padrão de qualidade.
Novos Envios de Limão a Caminho
Embora, nesta ocasião, as condições do mercado tenham facilitado a abertura desse destino, Elías indicou que serão realizados mais envios para a Argentina. “O que foi feito agora, e por isso representa um antes e um depois, foi abrir uma janela ou uma porta. Essa porta sempre permanecerá aberta.”
Para o executivo, o primeiro envio é apenas o começo de muitos outros, desde que haja produto disponível. Mas garante que mais embarques de limão taiti estão previstos para os próximos meses, com um volume igual ao da primeira remessa, ou seja, 26 toneladas.
Mas, para que esse mercado ganhe tração, Elias diz que há um desafio enfrentado por todo o setor, que é o acesso a financiamento para aumentar a produção e as exportações desse e de outros produtos locais. E destaca que as políticas públicas são necessárias para implementar ferramentas e medidas financeiras que auxiliem as empresas a se desenvolverem em um nível mais elevado, tornando-se grandes exportadoras, gerando empregos e aumentando a entrada de divisas no país.