
O Terminal Portuário de São Luís (TPSL), operado pela companhia de logísticas VLI, poderá exportar também milho para a China após conseguir habilitação do país asiático, em movimento com potencial de reforçar os embarques brasileiros a partir do chamado Arco Norte.
A VLI já leva, de ferrovia, parte da soja e do milho exportados pelo Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), operado por várias tradings no porto de Itaqui, também situado em São Luís e próximo do TPSL.
Mas a habilitação da China para o TPSL, com capacidade estática de 6 milhões de toneladas por ano, poderá otimizar as operações da VLI, atualmente concentradas em soja e ferro gusa, disse um executivo da companhia à Reuters.
“Passamos por um processo muito rigoroso (para habilitação). Já exportávamos soja para a China, mas milho não (pelo TPSL). E hoje o agronegócio do Brasil vem crescendo tanto (na exportação) em soja e quanto em milho”, afirmou o diretor de operações do Corredor Norte da VLI, Ederson Almeida.
Em 2023, de acordo com os mais recentes dados divulgados pela VLI, o TPSL movimentou um recorde de 5,6 milhões de toneladas.
A China começou a comprar milho do Brasil ao final de 2022, após um acordo entre os dois países, tornando-se o principal comprador do cereal brasileiro já em 2023. No ano passado, uma safra menor no país e uma maior colheita chinesa limitaram os negócios.
O executivo evitou dar projeções sobre quanto o terminal poderia exportar de milho ou mesmo de soja em 2025. A empresa também não detalhou os volumes por produtos de 2023, o último ano com dados divulgados.
O Arco Norte, que reúne portos no Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Rondônia, transformou-se uma rota fundamental para o Brasil desafogar os terminais do Sul/Sudeste do Brasil.
Das exportações totais de milho do Brasil em 2024, de 39,8 milhões de toneladas, o Arco Norte respondeu por 18,4 milhões de toneladas, segundo dados do governo brasileiro.
No caso da soja, do total exportado de 98,8 milhões de toneladas pelo Brasil, um volume 34,4 milhões de toneladas saiu pelo Arco Norte.
Dúvidas sobre taxa
O porto maranhense de Itaqui já exporta algo próximo de 14 milhões de toneladas de soja ao ano, segundo dados de 2024, enquanto os embarques de milho no ano passado somaram pouco mais de 4 milhões de toneladas.
Mas o escoamento de grãos pelo porto tem sido motivo de preocupações no setor desde a implantação de um tributo pelo Estado do Maranhão, de 1,8%, que incide sobre as exportações de produtos como soja e milho no Estado.
A associação de produtores Aprosoja Brasil afirmou na semana passada que o Tribunal de Justiça do Maranhão decidiu a favor da associação dos produtores do Estado sobre a taxação.
Se a cobrança for mantida, contudo, o setor produtivo pode ser levado a procurar outros canais alternativos de escoamento para evitar o tributo, disse Almeida.
“Para o governo do Maranhão, deve ser motivo de preocupação, os nossos clientes têm outras alternativas, que podem ser Pará, Sudeste”, afirmou o executivo, lembrando que o Estado perde competitividade com o tributo.
Almeida lembrou que o governo do Pará voltou atrás em sua intenção de ampliar uma cobrança semelhante, enquanto o setor aguarda uma sinalização semelhante do Maranhão.